quarta-feira, 18 dezembro 2024
17.3 C
Curitiba

Desigualdade de gênero na área de segurança da informação

Por Gina Van Dijk, Diretora Regional do (ISC)² América Latina

 

Projeções para 2022 indicam que o mercado mundial terá um déficit de 1,8 milhão de profissionais de segurança da informação, sendo que desse total a América Latina terá 185 mil vagas a serem preenchidas por profissionais capacitados. Uma das soluções para o gap profissional do setor passa, sem dúvida, pela conscientização de que homens e mulheres estão em situação de igualdade no que se refere a competências e habilidades.

Apesar dos constantes esforços das organizações do setor para promover a igualdade de gênero, ainda existem grandes lacunas entre homens e mulheres no que se refere a aspectos como representatividade, distinção no tratamento, diferença nos cargos ocupados e disparidade salarial. Assim, garantir a igualdade de gênero nos ambientes profissionais é um desafio em qualquer mercado, mas em especial na área de segurança da informação, onde as diferenças registradas no tratamento dispensado aos dois sexos são significativas.

Embora as mulheres representem a maioria da população mundial e estejam melhor preparadas que os homens em termos de educação formal, elas ainda são minoria e sofrem discriminação atuando no segmento. A pesquisa mundial Global Information Security Workforce Study: Women in CyberSecurity mostra que as mulheres geralmente ingressam na profissão com níveis educacionais mais altos que os dos homens, com 51% das profissionais habilitadas com mestrado ou certificados superiores, enquanto esse índice é de 45% entre os homens.

Mesmo assim, elas compõem apenas 11% da força de trabalho de segurança da informação no mundo. Na América Latina, a participação feminina é ainda menor, alcançando apenas 8%. Os resultados obtidos no levantamento também mostram que 51% das mulheres que atuam na área já sofreram variadas formas de discriminação, como falta de promoção e a proibição de exercer determinadas atividades.

Outro dado preocupante é que, de acordo com o estudo, a presença dos homens é muito maior em cargos de liderança, de gerência e de diretoria executiva, enquanto as mulheres ocupam a maioria das funções operacionais. Os números mostram que os homens têm nove vezes mais chances de alcançar a gerência e quatro vezes mais de se tornarem diretores e ocuparem cargos C-level. Na América Latina, a desigualdade é ainda mais forte. A maioria das mulheres ocupa funções que não são de liderança, com apenas 1% em colocações C-level, 3% na gerência e 1% como diretoras.

Quando se trata de remuneração, a diferença salarial entre os gêneros também é substancial. Em posições de diretoria, elas recebem 3% a menos do que os homens. No nível de gestão, a diferença é maior, com os homens recebendo remunerações até 4% maiores.

É necessário permitir que essas profissionais de alto potencial assumam posições de liderança, aumentando sua satisfação no trabalho, seu envolvimento e seu senso de valorização. Porém, uma mudança efetiva no ambiente profissional só será possível quando os líderes estabelecerem proativamente uma cultura organizacional que acolha e valorize a presença feminina ao invés de permitir comportamentos que, intencionalmente ou não, afastam as mulheres das profissões relacionadas à cibersegurança.

Essa estratégia precisa ser aproveitada pelas empresas que querem garantir o sucesso em plena era digital e em um momento em que tanto se discute inclusão e valores, contribuindo efetivamente para reduzir a falta de profissionais e, principalmente, a desigualdade entre homens e mulheres.

Poucos segmentos de mercado têm mais cargos que candidatos e, nesse cenário, as organizações precisam considerar medidas para engajar, desenvolver e reter mulheres competentes em sua força de trabalho.

Destaque da Semana

Ibis Curitiba Batel e Ibis Styles Curitiba Centro Cívico recebem certificação Green Key

A líder mundial em hospitalidade, Accor, celebra mais duas certificações Green...

Intervenção autoguiada pode reduzir uso de remédio para dormir entre idosos

Pesquisa analisou impacto da técnica de mediação comportamental em...

Câmara aprova castração química para pedófilos; texto vai ao Senado

Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil Publicado em 12/12/2024...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor