Gestão 4.0: flexibilidade para a inovação das empresas

Com a Transformação Digital repaginando os modelos de negócios, a gestão ganhou novos contornos para se adaptar às exigências e rumos do mercado. É nesse cenário corporativo em constante evolução que surge a chamada Gestão 4.0, uma forma de administração mais flexível, interativa e aberta, que tem sido implementada por empresas dos mais variados portes e segmentos.
Na prática, o conceito de Gestão 4.0 foi inspirado na Quarta Revolução Industrial e vem transformando o jeito como as empresas produzem e usam os recursos de TI em suas rotinas a partir de inovações tecnológicas (Nuvem, Analytics, Internet das Coisas, etc.) aplicadas aos processos de manufatura. A Gestão 4.0 utiliza a tecnologia e a inteligência para renovar a administração corporativa, trazendo como foco a experiência dos consumidores (internos e externos).
Esse movimento representa uma grande mudança na forma como as companhias produzem soluções para seus clientes e até como elas selecionam seus novos colaboradores. Hoje, há uma grande movimentação do mercado em busca por profissionais que possuam soft skills, como empatia, criatividade e coragem – atributos que certamente não teriam espaço no mercado de trabalho que tínhamos há algumas décadas.
Isso acontece porque a própria forma de desenvolvimento dos produtos mudou. No passado, hierarquias, processos e rotinas garantiam e davam estabilidade a uma “linha de montagem” projetada para funcionar como produção em série. Agora, isso não parece fazer muito sentido, uma vez que cada um pode contribuir com suas próprias habilidades para a construção de soluções específicas ou com alto poder de personalização.
Com a Gestão 4.0, os líderes passam a desempenhar um novo papel, atuando mais como facilitadores, agregadores ou orquestradores de competências variadas, do que apenas como o tradicional chefe. Os profissionais fazem parte de uma estrutura dinâmica e ágil. Por isso, o desafio do bom gestor está focado no entendimento do potencial da sua equipe e na criação de um ambiente tecnologicamente capaz de extrair ao máximo as habilidades do time. Somente com uma abordagem humana, as empresas conseguirão obter melhores resultados, inclusive da área de TI.

De olho nas habilidades
A questão, portanto, é que as companhias formem estruturas aptas a aproveitar as habilidades que nós, seres humanos, temos como diferenciais. Neste caso, é importante salientar que não estamos falando apenas de conhecimentos específicos de cada área, mas também itens como capacidade de inovação, espírito de empreendedor, curiosidade, criatividade, imaginação, inteligência social e inteligência emocional. Criar uma rede tecnológica moderna e adequada, com serviços funcionais e inovadores, pode estimular o desenvolvimento amplo das equipes – o que, em sua medida, ajudará a aumentar a rentabilidade dos negócios das organizações.
As empresas mais bem-sucedidas terão líderes preparados para funcionar como “maestros de competências”, sendo capazes de ouvir, observar, incentivar, compartilhar e engajar a transformação real de suas organizações – e seus processos. Afinal, com cada vez mais dados e informações sobre a produção das equipes, os líderes poderão obter uma série de ganhos. A partir dessa interação ativa é possível entender melhor quais são as inovações tecnológicas que poderão realmente fortalecer o trabalho dos colaboradores e como a utilização desses recursos de TI trarão benefícios de sustentabilidade e rentabilidade às unidades da organização.
A Gestão 4.0, assim como a transformação digital, exige um comportamento mais ágil, permitindo a tomada de decisões em tempo real, e de forma descentralizada. Em um ambiente que muda de forma rápida e constante, estar atento ao que está acontecendo é fundamental para que o líder entenda as demandas de seus consumidores e funcionários. A tecnologia evidentemente é um dos itens que podem ajudar nesse cenário, agilizando tarefas e poupando tempo dos times.
Sendo assim, os líderes de TI devem sempre se lembrar de que a melhor forma de ter sucesso nessa jornada é incluir o aspecto mais humano da administração como parte das estratégias de inovação. É preciso ir além das habilidades técnicas, aprimorando também o lado colaborativo da administração, destacando a sensibilidade, a percepção e a interação com o time. A proximidade entre os profissionais é fundamental por ter poder transformador para fazer com que o investimento em TI seja, de fato, lucrativo e atraente.
CIOs (Chief Information Officers), líderes e gestores precisam mudar a dinâmica de trabalho e colocar suas equipes em primeiro lugar, inclusive no processo de decisão sobre qual será a solução a ser adotada pela área técnica. Buscar a melhoria contínua será a principal oportunidade para a inovação de uma organização. Diante disso, as empresas que criarem um time forte de profissionais e investirem em tecnologia de ponta ganharão espaço no mercado. A transformação precisa ser feita agora e não temos tempo a perder.

Por Paulo Miguel, Vice-Presidente da Resource IT