A reciclagem automotiva há tempos é uma necessidade mundial, sendo que o aproveitamento correto de peças de reuso reduz a utilização de peças novas, as emissões de gases e os impactos ambientais. Os EUA, por exemplo, reciclam 95% da frota que sai de circulação, enquanto no Brasil esse número ainda não chega a 1,5%, de acordo com associações do setor.
A Lei 12.977/2014, que regula e disciplina a atividade de desmontagem de veículos em todo o País, foi sancionada em junho de 2014. Conhecida como Lei do Desmanche, ela prevê que qualquer empresa que realize as atividades de desmanche deve estar registrada no Departamento de Trânsito de seu estado, além de manter o sistema estadual de rastreabilidade de peças atualizado e possuir alvará de funcionamento. Ao completar seu quarto aniversário, a legislação impulsionou o setor de reciclagem automotiva em todo o País, que segue superando desafios para disseminar a utilização de peças de reuso e com garantia de procedência.
Especialistas estimam que 50% da frota brasileira, de cerca de 30 milhões de veículos, esteja próxima da necessidade de reciclagem. Porém, até a assinatura da Lei do Desmanche, o mercado nacional era predominantemente informal e muito pulverizado. Após a criação dessa legislação, identificamos um amadurecimento desse segmento, pois foram reduzidos diversos riscos e incertezas para o consumidor e para as empresas que desejarem investir no setor.
Dessa forma, a Lei do Desmanche contribuiu para o desenvolvimento de um mercado de empresas recicladoras, revendedores, oficinas e consumidores interessados em peças de reuso, que têm preço reduzido e garantia de procedência. Antes dessa legislação, não havia nenhuma segurança ao se adquirir esse tipo de produto, que muitas vezes poderia apresentar o risco de ser oriundo de veículos furtados. Porém, com a regulamentação do setor, as empresas legalizadas passaram a utilizar mecanismos de rastreabilidade para cada peça, permitindo o acesso ao seu histórico e transmitindo segurança ao consumidor, que passa a ter uma opção mais econômica e de qualidade para a reparação e manutenção de seu veículo.
A regulamentação da reciclagem automotiva abre perspectivas para um mercado com grande potencial de expansão, pois entre 85% e 95% das peças de um veículo podem ser reutilizadas e revendidas para o consumidor ou até para empresas especializadas em reciclagem. Porém, é importante destacar que peças muito avariadas ou consideradas itens de segurança – como freio e suspensão – devem ser encaminhadas ao fabricante ou vendidas como sucata, para serem processadas e transformadas em matéria-prima.
O consumidor está cada vez mais consciente das questões socioambientais e do seu impacto nas futuras gerações. A expansão da reciclagem automotiva no Brasil irá possibilitar a criação de um círculo virtuoso, contribuindo para a preservação do meio ambiente e proporcionando a inclusão social, ao desestimular o comércio irregular de peças.
Por: Fabio Giusti Frasson – Superintendente da Renova Ecopeças