Projetos que buscam conservar ambientes costeiros e marinhos brasileiros, preservar espécies ameaçadas e aliar inovação e meio ambiente terão o apoio de cerca de R$ 1,8 milhão em 2019. Ao todo, 15 iniciativas distribuídas em 11 estados do País serão apoiadas pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Cinco dos trabalhos selecionados serão implantados nos litorais paranaense, catarinense e gaúcho, somando cerca de R$ 480 mil para preservar áreas naturais e espécies ameaçadas.
Segundo o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz, a necessidade de proteção de ambientes costeiros e marinhos tem despertado cada vez mais a atenção da sociedade. “Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU são muito baseados na qualidade de vida que vem dos mares e a população brasileira tem uma relação muito estreita com o oceano. Considerando o tamanho da costa que temos no País e a dependência que temos dela, torna-se cada vez mais importante investir em estratégias para a conservação marinha”, ressalta.
Restauração ecológica no Parque Nacional Lagoa do Peixe (RS)
Criado em 1986 para proteger aves migratórias e ecossistemas litorâneos do Rio Grande do Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe enfrenta hoje problemas com a expansão de pínus na região. Essa árvore exótica foi introduzida no parque há muitos anos e hoje ocasiona a degradação dos ecossistemas naturais, além de causar mudanças na paisagem e perdas da biodiversidade local. O projeto proposto pela Associação Socioambientalista Igré é controlar essa população invasora e assegurar o restabelecimento dos ecossistemas nativos no local, como os campos de dunas.
Proteção do mico-leão-de-cara-preta (PR)
O Parque Nacional do Superagui (PR) e o Parque Estadual do Lagamar de Cananéia (SP) englobam o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica, região de relevante importância ecológica. Os dois parques abrigam cerca de 80% do habitat do mico-leão-de-cara-preta, espécie criticamente ameaçada, com tamanho populacional de cerca de 400 indivíduos. Para conservar essa população, o Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) pretende realizar uma estimativa da ocupação atual do mico na área de distribuição, monitorar esses grupos e elaborar planos de ação integrados.
Proteção do tuco-tuco-das-dunas (RS)
O Ctenomys flamarioni, conhecidos popularmente como tuco-tuco-das-dunas, é uma espécie de roedor subterrâneo encontrada em território gaúcho e em nenhum outro local no mundo. A espécie está em perigo de extinção devido à crescente especulação imobiliária na região. Para tentar impedir o desaparecimento do animal, pesquisadores da ONG Mamíferos ampliarão a área de distribuição da espécie e divulgarão, por meio de banners, o seu status de conservação para que todas as pessoas conheçam o animal e se mobilizem pela sua preservação.
Novas tecnologias para peixes ameaçados (PR e SC)
Com o objetivo de desenvolver e implementar estratégias sustentáveis de manejo dos estoques pesqueiros, pesquisadores do Instituto Comar avaliarão a costa brasileira, com foco nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Sergipe e Bahia. A iniciativa criará um aplicativo para monitorar informações sobre espécies marinhas – como tamanhos, ocorrências, entre outros – que sirva de base de consulta a órgãos públicos para avaliar medidas propostas em planos de recuperação.
Novas unidades de conservação (RS)
A iniciativa proposta pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental tem como objetivo a criação de duas Unidades de Conservação de proteção integral, cobrindo cerca de 62 km do cordão de dunas do Rio Grande do Sul para garantir maior eficácia à gestão ambiental na costa do estado. A partir da criação, serão realizados estudos no local, o mapeamento de espécies e o incentivo à participação da sociedade e do poder público.
Inscrições abertas para novos projetos
Estão abertas as inscrições para o 57º Edital da Fundação Grupo Boticário – Novas Ideias para a Conservação da Natureza. Interessados de todo o Brasil podem inscrever trabalhos voltados à conservação da biodiversidade até 31 de março, pelo site da instituição. Ao todo, serão cerca de R$ 2 milhões destinados aos projetos selecionados.
Diferentemente dos anos anteriores, que tiveram uma chamada em cada semestre, 2019 concentrará as inscrições em uma só oportunidade. Nesta edição, serão selecionados projetos dentro das temáticas: ambientes marinhos; unidades de conservação de proteção integral e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs); inovações e novas tecnologias para a conservação da natureza; e espécies ameaçadas.
Desde 1991, quando o primeiro edital da Fundação Grupo Boticário foi aberto, 1.563 iniciativas foram apoiadas em todo País, somando um investimento de cerca de R$ 80 milhões. Os projetos inscritos devem estar vinculados a instituições sem fins lucrativos, como fundações de universidades, organizações não governamentais (ONGs) e associações. Dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail para edital@fundacaogrupoboticario.