Testes de imagens e avaliações sanguíneas podem mudar a forma de diagnóstico do transtorno
Dia 2 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Um estudo divulgado pelo CDC (Center for Diseases Control), agência ligada ao governo dos Estados Unidos, estima que uma criança a cada 100 nasça com algum traço para o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estima-se que no Brasil existam dois milhões de pacientes acometidos.
Segundo o neurologista do CETAC – Centro de Diagnóstico por Imagem, Paolo Di Remigio Cava, “é muito importante o diagnóstico precoce para antecipar as estratégias terapêuticas o obter melhores resultados no atendimento e tratamento dos pacientes”.
Fobias, agressividade, transtorno das habilidades sociais, dificuldades de aprendizagem e de relacionamento podem estar relacionadas com o transtorno, contudo existe uma enorme variabilidade dos sintomas dependentes da idade de início, fatores ambientais, outras doenças associadas entre outros, com implicações na apresentação inicial dos sintomas e na gravidade da doença.
“Estes pacientes geralmente são abordados de maneira multidisciplinar, com envolvimento de profissionais das áreas médica (pediatra, neuropediatra, neurologista, radiologista), psicologia, neuropsicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional entre outros, mas o diagnóstico do transtorno é essencialmente clínico, baseado na história clínica assim como pelos exames neurológico e neuropsicológico”, explica Cava.
Os exames complementares como os de neuroimagem, particularmente a ressonância magnética, assim como testes laboratoriais e genéticos, são de importância fundamental para a avaliação destes pacientes, particularmente em detectar outras doenças associadas ao transtorno tais como encefalopatias, epilepsia, erros inatos de metabolismo, síndromes genéticas entre outros.
Os recentes avanços das técnicas funcionais de ressonância magnética são muito promissores na busca de padrões específicos de alterações funcionais do Sistema Nervoso Central em pacientes portadores deste transtorno. “Muitos destes achados têm motivado vários estudos científicos em várias universidades conceituadas internacionais e que num futuro próximo poderão ser incluídos nos protocolos de atendimento destes pacientes”, ressalta.
Atualmente, o estudo de neuroimagem mais requisitado pelos especialistas da área é a ressonância magnética do Encéfalo, importante ferramenta no atendimento dos pacientes acometidos pela síndrome, afirma o neurologista do CETAC que também é neurorradiologista,
Pesquisas
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Washington, com o patrocínio do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, mostram que exames cerebrais de ressonância magnética podem detectar autismo antes que qualquer sintoma comece a surgir. Eles avaliaram o cérebro de 59 bebês com alto risco de desenvolver o problema, combinando ressonância magnética funcional e uma tecnologia que “ensina” o computador a procurar padrões cerebrais similares. No final, os testes apontaram que nove deles teriam o transtorno. Aos dois anos de vida, 11 crianças do grupo foram de fato diagnosticadas – o que representou uma eficácia de 82%.
No grupo que recebeu o diagnóstico antecipado, os cientistas encontraram 974 conexões cerebrais associadas a comportamentos típicos do autista. Ao replicar a metodologia em outros grupos, o software teve uma taxa de acerto de 93%. “Hoje, o exame mais realizado, inicialmente, para contribuir com o diagnóstico da síndrome, é a ressonância magnética do em encéfalo. Também temos disponíveis outros exames de imagens que podem auxilia r no tratamento após o diagnóstico do transtorno”, afirma o neurologista, que também é radiologista do CETAC.
Avaliação sanguínea
Um novo estudo da Universidade de Warwick, no Reino Unido, conduzido em parceria com outras instituições, 38 crianças autistas foram selecionadas e comparadas a outras 31 sem a condição. A equipe, então, fez exames de urina e sangue nos pequenos (que tinham entre 5 e 12 anos de idade) para descobrir o que havia de diferenças químicas entre os dois grupos. Os estudiosos perceberam, mais especificamente, um nível alto do marcador de oxidação ditirosina e de proteínas e gorduras conhecidas como “produtos finais da glicação avançada” (AGEs, na sigla em inglês). O exame mostrou uma taxa de acerto de 90% para detectar autismo.
Segundo o responsável técnico do LANAC – Laboratório de Análises Clinicas, Marcos Kozlowski, esses exames ainda não estão disponíveis na rotina do laboratório. “Hoje temos o Painel Genético para Autismo, exame que sequencia 106 genes relacionados ao Autismo e auxilia o diagnóstico de crianças com sinais compatíveis com síndrome do espectro autista”, explica.