Mais de 75 mil mortes por doenças cardiovasculares em 2019

Número de óbitos do primeiro bimestre é maior que mortes no trânsito e por violência em todo o ano passado


O indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) atualiza a quantidade de novos óbitos instantaneamente – um a cada 90 segundos, para sermos mais precisos. Ainda no primeiro bimestre de 2019, já são contabilizadas mais de 75 mil mortes por doenças do coração no Brasil. Este número é uma estimativa com base nos dados do DataSUS analisados por meio de um modelo de regressão linear.

Apesar dos esforços da sociedade em mudar essa realidade, o número só cresce desde 2004, com pequeno fôlego em 2012, quando houve a redução em pouco mais de duas mil mortes. Dados mais recentes do DataSUS apontam que 383.961 pessoas morreram por doenças hipertensivas, isquêmicas, cerebrovasculares e afins.

Essas patologias matam mais que o trânsito – média de 47 mil ao ano – e que a violência no país – cerca de 40 mil entre janeiro e setembro de 2018. O cardiologista Everton Dombeck, do Hospital Cardiológico Costantini, explica que a crescente ocorrência desses casos está relacionada a um conjunto extenso de fatores que vão desde a alimentação até uma predisposição genética.

“Existe uma questão comportamental importante que diz respeito à alimentação, ao estresse, ao não abandono dos maus hábitos como o cigarro, o sedentarismo e casos de obesidade. Há também a falta do sentido de autopreservação e excesso de confiança. É igual acidente de carro. Todos os anos há novos casos, mas, acontece sempre com os outros e nunca comigo. O descuidado com a própria saúde e a falta de percepção da alta incidência de infarto contribuem para esse cenário”, comenta o médico.

O mito da doença silenciosa

O médico do Hospital Cardiológico Costantini explica que há um equívoco ao considerarmos que todas as doenças cardiovasculares são silenciosas ou sem sintomas. Algumas mudanças de rotina e cansaço excessivo já são alertas de que é hora de procurar um médico.

“Os sintomas passam despercebidos, mas, eles existem. É uma questão de autopercepção. A pessoa ia até uma padaria mais distante e agora opta por uma mais próxima e nem se dá conta disso. Ou vai de carro e deixa de ir a pé. Há mudanças comportamentais que não são percebidas no dia a dia e acaba se rotulando como doença silenciosa”, comenta o cardiologista.

Segundo Dombeck, exames clínicos devem ser realizados, pelo menos, uma vez ao ano por pacientes sem fatores de risco e até duas vezes por pessoas que fumam, tenham diabetes ou altos níveis de colesterol.

Predisposição genética e índice crescente

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma estimativa do crescimento do número de mortes por doenças cardiovasculares até 2040. De acordo com a entidade, nos próximos 20 anos, haverá um aumento de 250%. Um fator relevante para tal expansão é o de que as doenças do coração são genéticas.

“Assim como ocorre com o diabetes, além do fator comportamental, há também a questão genética. Se no século passado havia um contingente populacional com essas patologias, hoje, esse mesmo contingente cresceu e houve uma progressão dos casos. Do avô para o pai, do pai para os filhos e assim por diante”, finaliza Dombeck.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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