quarta-feira, 18 dezembro 2024
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Saudar além dos irmãos

Paiva Netto

Há tempos observo-lhes que a miscigenação do mundo é inevitável. Da mesma forma, destaco que o Ecumenismo dos Corações é o bom futuro da humanidade. As criaturas não sobrevivem adequadamente no isolamento. A confraternização geral é um legítimo anseio que ignora fronteiras e segue unindo, apesar dos pesares, etnias, filosofias, religiões, pátrias, enfim, seres espirituais e humanos. Em Sua passagem pela Terra, Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, testemunhou, a todo momento, que esse é o caminho. Uma de Suas Solidárias Lições ilustra bem isso: “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os publicanos também assim? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?” (Evangelho, segundo Mateus, 5:46 e 47). Com muita propriedade, ensinou o saudoso dr. Bezerra de Menezes (1831-1900), em Evangelho do Futuro, publicado como folhetim no periódico Reformador, de 1905 a 1911, sob o pseudônimo Max: “O bem tem grande força de expansão! (…) Um povo que tem fé cria-se numa atmosfera moral em que bebe a força para o cumprimento de todos os deveres, a mais expansiva força das alegrias da Alma, desde a vida terrena”. Busquemos, pois, a convivência planetária firmada no Amor Fraterno e no respeito mútuo, sem esquecer a mais elevada concepção de Justiça, que promana de Deus. Identificando o preconceito Nosso país, ainda que precise avançar muito, incentiva e trabalha pelo respeito às diferenças. Merecem, portanto, relevância iniciativas dedicadas a tão nobre finalidade. A luta histórica de Zumbi dos Palmares (1655-1695) prossegue, alcançando crescente vitória nas consciências. O mundo se tornará mais feliz à medida que seus habitantes, sem exceção, receberem o devido apoio e usufruírem da liberdade seguramente adjetivada como responsável. Um importante passo para que haja fraternidade mútua é o reconhecimento do preconceito, às vezes velado, que a maioria nem percebe que pratica. Durante sua participação no programa Conexão Jesus — O Ecumenismo Divino, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canal 196), o professor doutor Kabengele Munanga, antropólogo do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (USP), comentou: “Como o próprio termo diz, preconceito é um julgamento preconcebido sobre os outros, os diferentes, sobre os quais não temos, na realidade, um bom conhecimento. O preconceito é um dado praticamente universal, porque todas as culturas o produzem. Não há uma sociedade que não se defina em relação às outras. E, nessa definição, nos colocamos numa situação, achando que somos o centro do mundo: a nossa cultura é a melhor, a nossa visão do mundo é a ideal, a nossa religião é a melhor. Assim, julgamos os outros de uma maneira negativa, preconcebida, sem um conhecimento objetivo. A matéria-prima do preconceito é a diferença”. Aliás, em Reflexões da Alma (2003), reafirmei que racismo é obscenidade (assim como preconceitos sociais, religiosos, científicos ou de qualquer outra espécie). Vai solapando não somente os esforços da etnia negra, mas também dos brancos pobres, dos índios, dos imigrantes… É preciso erradicá-lo, pois em seu bojo surgem os mais tenebrosos tipos de perseguição, que vêm dificultando o estabelecimento da Paz no planeta. José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

 

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