Dr. André Dobrowolski*
Ao contrário do que muitos possam pensar, o parkinsonismo se refere a um grupo de diversas doenças que apresentam sintomas semelhantes, mas que estão associadas a outros problemas neurológicos, dentre elas está a Doença de Parkinson (DP).
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. Já no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 200 mil pessoas sofrem com o problema.
A Doença de Parkinson pode ter causa hereditária, mas representa a minoria dos pacientes, cerca de 15%. A grande maioria dos casos novos são episódios aleatórios do ponto de vista familiar (qualquer pessoa correrá eventualmente o risco de desenvolver a doença). É notório como o número de casos da doença vem aumentando com o passar dos anos. Essa condição será cada vez mais presente, principalmente quando se leva em consideração que a população brasileira passa por um processo natural de envelhecimento com o aumento da expectativa de vida. Sabe-se que o Parkinson é mais comum após a sexta década de vida – cerca de 1% dos indivíduos com 60 anos ou mais terão a doença – isso nos permite apontar a idade como um dos fatores de risco principais.
A doença crônica e degenerativa ocorre devido a uma redução dos neurônios com dopamina, substância química neurotransmissora responsável pelos movimentos musculares. Sem receber a dopamina, o organismo para de funcionar como deveria e os movimentos são diretamente afetados. Com essa degeneração, alguns sintomas começam a se manifestar, como os tremores – que aparecem em cerca de 70% dos pacientes; rigidez muscular; bradicinesia (termo científico para definir uma lentidão intensa para executar os movimentos); instabilidade para andar (passos curtos e arrastados), face em máscara (sem expressão), instabilidade na postura com possíveis quedas ao solo, alterações na fala e na escrita. Vale lembrar que não é necessário que a pessoa possua a combinação completa dos sintomas mencionados acima. A existência de dois ou mais desses achados já indica alguma possibilidade de estarmos diante da Doença de Parkinson ou de outra doença do grupo do Parkinsonismo e já justifica uma avaliação neurológica direta e cuidadosa.
A Doença de Parkinson é dividida em três fases: na primeira, considerada leve, o paciente é independente para as atividades; na moderada ele mantém a independência, mas necessita de ajuda para determinadas atividades; e, por fim, na avançada, quando apresenta limitação e dependência para as atividades diárias.
Dentre as opções de tratamento estão o uso de medicamentos, realização de fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, apoio de psicólogos, nutricionistas e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos. Existe também a estimulação cerebral profunda, que ajuda a diminuir os efeitos do Parkinson. Mas ela só é funcional no estágio moderado da doença, para pessoas até no máximo 80 anos de idade e em casos indicados pelo neurologista.
Sintomas motores da Doença de Parkinson:
Tremores em mãos e braços;
Rigidez muscular – “travar” para executar movimentos;
Bradicinesia – lentidão intensa para executar movimentos;
Perda da expressão facial;
Desequilíbrio, instabilidade e quedas ao solo;
Redução do piscar de olhos;
Alteração na fala;
Aumento de salivação;
Micrografia, isto é, a caligrafia da pessoa se altera e as letras escritas tornam-se menores;
Incontinência urinária;
Sensação de pernas inquietas ao deitar/dormir.
Sintomas não-motores da Doença de Parkinson:
Demência;
Depressão;
Alterações no sono;
Raciocínio lento;
Hiposmia (perda parcial do olfato).
Doenças do grupo dos Parkinsonismos, que podem se parecer com a Doença de Parkinson, mas demandam tratamento diferenciado:
Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP);
Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS);
Doença por Corpos de Lewy (DCL);
Degeneração Ganglionar Córtico-Basal (DCB);
Complexo Parkinsonismo-Demência-Esclerose Lateral Amiotrófica.
*Dr. André Dobrowolski, especialista em Neurologia do Hospital VITA (Curitiba – PR)