O II Fórum ABRAIDI – Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – realizado em 25 de abril, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, e marcou o lançamento da 2ª edição do estudo “O Ciclo de Fornecimento de Produtos para Saúde no Brasil”. O trabalho apresentou as diversas distorções existentes na saúde revelando que as perdas e as onerações causadas à operação dos fornecedores de produtos para o segmento chegaram a 55%. Na pesquisa anterior, realizada, em 2017, este índice já era elevado, mas menor do que o registrado agora: 42%.
Para o presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, isso evidencia as dificuldades enfrentadas por distribuidores e importadores. “Vivemos uma crise sem precedentes provocada pelo desequilíbrio de responsabilidades entre os players na saúde. Precisamos, urgentemente, olhar para os problemas e buscar soluções comuns para a sustentabilidade dos sistemas público e privado no Brasil”, conclamou Rocha.
O estudo da ABRAIDI apontou três importantes distorções que somadas representaram R$ 1,17 bilhão: retenção de faturamento (fonte pagadora – plano de saúde ou hospital, após a realização de uma cirurgia previamente autorizada, não permite o faturamento dos produtos consumidos, postergando assim o pagamento), glosas e inadimplência.
No estudo atual, as retenções de faturamento representaram um contingenciamento de recursos da ordem de R$ 488,5 milhões. Em 2017, a situação era ainda pior com retenção de R$ 539,6 milhões. “Tivemos uma queda de 9,46%. Avaliamos que foi resultado do trabalho da ABRAIDI ao levantar o dado pela primeira vez na história e, ao longo de todo o ano passado, ter apresentado os números para órgãos, agências reguladoras e entidades de classe de hospitais e planos de saúde, mas principalmente à queda de faturamento dos associados: de R$ 5,5 bilhões para R$ 4,8 bilhões. Se as empresas vendem menos, há uma retenção também menor”, avaliou Sérgio Rocha.
Dentro deste item na pesquisa, o prazo médio até a emissão da nota fiscal, após a realização da cirurgia, variou entre 29 e 53 dias. E ainda, após a emissão da nota fiscal, o prazo para efetivação do pagamento oscilou entre 62 e 81 dias. “Contando todas as postergações, em média, o fornecedor só recebe o pagamento 112 dias (quase quatro meses) após a realização de um procedimento. É um verdadeiro absurdo”, constatou o presidente da ABRAIDI.
As glosas ocorrem quando a operadora ou plano de saúde se nega a pagar alguns produtos, materiais ou equipamentos utilizados em cirurgia previamente autorizada por eles mesmos. Na pesquisa da ABRAIDI constatou-se que 87% dos associados sofreram com o problema, o que totalizou R$ 127,2 milhões em valores glosados, um aumento de 26,2% no comparativo com 2017. Os fornecedores recorrem, porém a taxa de recuperação é de apenas 23%.
Depois das retenções e glosas, o associado da ABRAIDI ainda enfrentou a inadimplência, que foi estimada em R$ 554,8 milhões. Ela ocorre quando o fornecedor não é remunerado após 180 dias, a partir da realização do procedimento cirúrgico. Também foi incluído neste cálculo os valores “perdidos” em razão de falência do prestador de serviço ou fonte pagadora e até mesmo por calote intencional. A inadimplência atingiu 81% dos associados. Em 2017, esse índice era de 91%.
Os dados completos da pesquisa foram apresentados no II Fórum ABRAIDI que debateu caminhos para minimizar os problemas com representantes de todos os segmentos da área de saúde. O evento ainda discutiu sobre as perspectivas econômicas e políticas para o setor nos próximos anos, debateu sobre regulação e a relação com os hospitais, temas tributários, como o convênio ICMS 01/99 e, temas regulatórios como o reprocessamento de produtos para saúde.