Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica pede celeridade às autoridades regulatórias no país
Depois que o FDA, agência norte-americana que regulariza medicamentos, concedeu em março a aprovação ao atezolizumabe em combinação com nab-paclitaxel para pacientes com câncer de mama triplo negativo, a ANVISA anunciou a aprovação da combinação terapêutica que trata eficientemente um dos subtipos mais graves do câncer de mama.
A eficácia da medicação contra a doença metastática foi apresentada em Munique, Alemanha, no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO Congress 2018), principal evento voltado à oncologia clínica do mundo. O IMpassion 130, foi o primeiro estudo de fase 3 a documentar benefício significativo de imunoterapia em câncer de mama metastático.
Considerado um tipo de câncer agressivo e que afeta geralmente mulheres jovens, o câncer de mama triplo-negativo representa cerca de 20% de todos os casos da doença mundialmente. Se considerarmos que o Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) contará com cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, esse percentual representa um universo de ao menos 12 mil pessoas.
“A denominação “triplo-negativo” é utilizada em casos em que o tumor não conta com nenhum dos três biomarcadores relacionados à classificação do câncer de mama: receptor de estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2″, explica a médica oncologista Maria Cristina Figueroa, do IHOC / Grupo Oncoclínicas.
Segundo a especialista, o câncer de mama triplo-negativo tem maiores chance de recorrência e em muitos casos acaba promovendo uma sobrevida menor em comparação a outros subtipos de tumores mamários. Por isso, a possibilidade de sucesso com a imunoterapia é animadora e abre novas frentes para o enfrentamento desta doença. “Para esses casos de câncer especificamente houve poucos progressos terapêuticos nos últimos anos. Por isso, os estudos internacionais preliminarmente divulgados são animadores por indicarem um novo caminho para tratar esse tipo de câncer de mama”, afirma a médica.
A médica ainda menciona o estudo GeparNuevo que analisou 174 pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático ou localmente avançado. Um grupo recebeu um tipo de imunoterápico associado à quimioterapia enquanto as demais pessoas utilizaram placebo. O resultado demonstra um aumento significativo na redução do tumor nos casos que receberam a combinação da imunoterapia com a quimioterapia. “Apesar de ainda ser o uma primeira etapa de análises, esse avanço já pode ser entendido como um progresso terapêutico importante para médicos e pacientes. Essa combinação de imunoterapia com quimioterapia desconta como uma opção estratégica importante para mulheres com a doença, em especial pelos benefícios e a qualidade de vida dessas pacientes”, explica Maria Cristina.
Entenda a Imunoterapia
Na última década, a imunoterapia passou de um tratamento teórico promissor para um padrão de cuidados que está contribuindo para respostas positivas de pacientes oncológicos. Desde 2011, o FDA aprovou 15 novas drogas imunoterápicas para o tratamento do câncer, sendo cinco só no ano passado. No Brasil, a imunoterapia tem aprovação da Anvisa para uso em casos de melanoma, câncer de rim , câncer de pulmão e câncer de bexiga.
De forma simplificada, o nosso sistema imunológico é programado para combater quaisquer sinais que representem ameaças à saúde. Porém, para manter um equilíbrio que assegure plenamente o nosso bem estar, o mecanismo de defesa do corpo também tem freios que impedem uma ação exagerada nesta resposta – caso contrário, ele pode desencadear as chamadas doenças auto-imunes, como lúpus, esclerose múltipla e artrite reumatoide.
Quando, contudo, ocorre uma falha nesse processo de combate ao inimigo e, em consequência, o surgimento de um tumor, a medicação imunoterápica pode ser adotada para inibir a ação desses freios e provocar a resposta necessária para combater as células malignas. “A imunoterapia cria uma memória imunológica no paciente contra o tumor. A concepção é gerar uma resposta imunológica exacerbada no paciente. Ao fazer isso, o sistema imunológico volta a reconhecer o tumor como um agente externo”, explica.
Quando a imunoterapia é a melhor opção?
Apesar dos avanços promissores, a especialista explica que ainda é cedo para afirmar que a imunoterapia seria a chave para a cura do câncer de mama. Todavia, os passos já trilhados são observados com otimismo e lançam boas perspectivas para tratamentos do câncer de mama triplo-negativo metastático e que não responde às medicações convencionalmente indicadas, tais como quimioterápicos e drogas alvo-moleculares.
O que tem se observado de forma global no tratamento do câncer é que nos casos onde o médico pode optar pela imunoterapia, a resposta dos pacientes têm sido satisfatórias.
“Ela [a imunoterapia] tem alguns efeitos colaterais, porém o paciente tem melhor qualidade de vida. É um tratamento mais sustentável para a saúde do paciente, pois ataca diretamente o tumor. Uma das principais vantagens da adoção destes imunoterápicos de nova geração é que, mesmo após o fim do tratamento, a imunidade desse indivíduo pode continuar respondendo a células tumorais, diminuindo a recidiva de tumores e aumentando o tempo livre de progressão da doença”, conclui a médica.
Sobre o IHOC
O Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC), fundado em 2000, é um centro de tratamento médico multidisciplinar, com foco no tratamento de pacientes com tumores e doenças hematológicas. A estrutura é preparada para procedimentos de alta complexidade. Desde o início de 2017, se uniu ao Grupo Oncoclínicas. Mais informações sobre o instituto podem ser conferidas no site www.ihoc.com.br.
Sobre o Grupo Oncoclínicas
Fundado em 2010, é o maior grupo especializado no tratamento do câncer na América Latina. Possui atuação em oncologia, radioterapia e hematologia em 11 estados brasileiros. Atualmente, conta com mais de 60 unidades entre clínicas e parcerias hospitalares, que oferecem tratamento individualizado, baseado em atualização científica, e com foco na segurança e o conforto do paciente.
Seu corpo clínico é composto por mais de 450 médicos, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pelo cuidado integral dos pacientes. O Grupo Oncoclínicas conta ainda com parceira exclusiva no Brasil com o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado a Harvard Medical School, em Boston, EUA.
Para obter mais informações, visite www.grupooncoclinicas.com.