Entre as principais queixas dos fumantes estão o cansaço, desânimo e impotência sexual
Desde a década de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza pesquisas para contabilizar o número de fumantes em todo o planeta. Até 2016, a entidade contabilizou que 20% de toda a população do mundo tinha vício em cigarro. No Brasil, segundo a última pesquisa Vigitel realizada em 2016 sobre o tema, pouco mais de 10% era tabagista.
Apesar de haver um movimento em busca da redução de 50% na quantidade de fumantes, há números que impressionam quando se olha para Curitiba. Na capital paranaense, 15,5% da população tem o hábito de fumar.
Para Fernanda Tavares, médica do Hospital Cardiológico Costantini, apesar das políticas públicas existentes com foco na redução do número de fumantes, a mudança é individual. “O primeiro passo para largar o vício é a consciência de que é um vício, ou seja, uma dependência química. O segundo, é a vontade de tratar essa dependência. Muitas vezes, as pessoas usam artifícios mentais para negação do problema. Quando é compreendido que realmente faz mal ao organismo e que existe tratamento, a pessoa tem mais chances de conseguir parar”. A mudança de rotina facilita o processo, segundo a cardiologista. Atividade física, hábitos alimentares saudáveis e cuidado com a autoestima estão entre as dicas.
MULHERES EM RISCO
Em estudo realizado na Dinamarca, único país no qual as mulheres são maioria entre os fumantes (19,3% em relação aos 18,9% dos homens), constatou-se que o tabaco diminuiu a idade do primeiro infarto de 79 anos para 60 anos na população feminina. No caso deles, de 71 para 64 anos. “O tabagismo tem sido associado à metade de todos os eventos coronarianos na mulher. Além disso, o risco para elas ocorre, até mesmo, com um a dois cigarros por dia, aumentando em 2,4 vezes. Já o risco de infarto nelas também é triplicado em relação às não tabagistas, enquanto para homens é de 2 vezes a mais, aproximadamente”, explica Fernanda.
QUEIXAS E ATIVIDADE FÍSICA
Segundo a médica do Hospital Cardiológico Costantini, as principais queixas dos pacientes que a procuram são cansaço aos esforços rotineiros e a falta de ar. O desânimo e a ansiedade também são reclamações rotineiras. No caso dos homens, a impotência sexual é tema frequente.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia (SBPT), periodicamente, explica os motivos que dificultam a vida dos fumantes na hora de cessar o vício. Um dos principais é a “embriaguez” por dopamina – hormônio liberado pelo corpo – quando os níveis de nicotina no organismo caem. O início da prática de atividade física é recomendado como um dos estabilizadores desse processo.
No entanto, sair correndo por aí não é o primeiro passo. “Tabagistas têm mais probabilidade de doença cardiovascular que a população não tabagista. Portanto, deve-se realizar uma avaliação antes da atividade física e se não apresentar alterações que impeçam o exercício, do ponto de vista cardiovascular, eles devem realizar atividades normalmente, visando combater um fator de risco adicional que é o sedentarismo”, encerra Fernanda.