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Israel, permanente valorização da educação e das novas tecnologias

Esquadrinhamos 2.000 km desse pequeno país (10% do território paranaense), com apenas 71 anos de independência, 8,9 milhões de habitantes e mais de 3.000 anos de história. História de superação etenacidade. Uma produtiva viagem de 8 dias, adrede bem planejada, munidos de aplicativos, sem guias esem incidentes, em um automóvel com mais três familiares, todos com formação cristã. Abundantes são as informações turísticas nas rodovias, concomitantemente em três idiomas: hebraico, árabe e inglês, nesta ordem.

À guisa de uma artéria principal, numa das margens das estradas, o aqueduto nacional, que conduz para todo o país água doce do Mar da Galileia e água dessalinizada do Mediterrâneo. A balança comercial agrícola de Israel é deficitária em apenas 5%, um feito notável, pois 80% de suas terras não eram originalmente agriculturáveis. Se é assim, o solo é apenas suporte e adubo nele. O índice pluviométrico é baixíssimo? Pois bem, a água para a irrigação provém do tratamento dos esgotos das cidades, demandada por tubos de polietileno até à raiz das plantas, estas em boa parte distribuídas em estufas. O gotejamento é uma técnica criada em Israel em 1965, sendo adicionados à água nutrientes como superfosfato, cálcio e potássio. Nesse ecossistema, sem uso de agrotóxicos, um hectare está produzindo 30 vezes mais que a média mundial, fruto de um amplo desenvolvimento acadêmico e tecnológico.

Israel possui a maior quantidade de artigos científicos e um dos maiores índices de registro de patentes per capita do mundo. Quando se coteja o número de adultos com formação universitária, Israel ocupa o 2.º lugar, com 48%, enquanto o Brasil está na 100.ª posição, com apenas 15%. Os gastos públicos em educação de ambos os países são equivalentes: 5,7% do PIB. Embora raramente ultrapassaram 0,5% da população mundial, 19% dos prêmios Nobel foram concedidos a cidadãos de ascendência judaica.

Para esse conspícuo desempenho intelectual, há várias justificativas, das quais duas merecem destaque: a ênfase ao estudo e a continuidade dos valores morais dos judeus; e o patrimônio intelectual lhes propiciou a sobrevivência e a adaptação no longevo decurso de sua história de diásporas, guerras, invasões, perseguições e desterros. O historiador americano Paul Johnson se faz oportuno: “Nenhum outro povo mostrou-se mais fecundo em fazer da desgraça um uso criador”.

Israel é uma nação com eleições livres – por isso recebe o epíteto de oásis democrático, envolto por vários países com regimes autoritários e fundamentalistas. Internamente, a sensação é de segurança, quando se perambula pelas suas cidades, inclusive à noite. Até mesmo na Cisjordânia, onde fizemos um tour de dois dias. Nada mais desejável e sensato que o reconhecimento de um Estado Palestino convivendo ao lado de Israel, sem conflitos, pois uma agressão aos olhos são os 700 km de muros, feitos de placas de concretos com 6 m de altura, separando as duas regiões.

Onipresentes, soldados e soldadas com fuzis a tiracolo, pistolas e equipamentos eletrônicos na cintura; serviço militar obrigatório por três anos para eles e dois para elas, em seus uniformes fashion, poderosas esensuais, cabelos e rostos bem produzidos, como que a humanizar esse ecossistema militarizado. No deserto de Neguev, muitos postos militares (testemunhamos exercícios com tanques). É um Estado militarizado, de intimidação, enfim, a materialização do preceito romano: Si vis pacem, para bellum (se quiseres a paz, prepara-te para a guerra).

Desde a independência de Israel, em 1948, foram cinco guerras. A mais feroz foi em seu primeiro ano de vida, tendo como adversários cinco países árabes com o escopo anunciado de lançar ao mar o Estado recém-criado. Nesses três milênios, nenhuma cidade superou Jerusalém em ataques – 52 vezes.

Apesar desse histórico de conflitos e do aparato militar, o Estado preza por manter uma aparência de normalidade em tudo. Por exemplo, é comum presenciar crianças de 8 a 10 anos andando sozinhas pela rua com mochilas a tiracolo, em direção à escola ou classes infantis brincando em praças acompanhadas por uma ou duas professoras, porém vigiadas de perto por uma dupla de militares.

Jerusalém foi por duas vezes destruída, uma das quais, no ano 70 d.C., com quase um milhão de judeus mortos pelos romanos. Tantas nações sucumbiram, enquanto Israel mais uma vez renasce das cinzas, tal Fênix. Qual o segredo dessa longevidade? Difícil responder, mas certamente, entre outras razões, estão a perseverança e a resiliência de um povo diante das adversidades, bem como o zeloso investimento na educação para a formação das futuras gerações pela família e pelo Estado.

*Jacir J. Venturi, coordenador na Universidade Positivo, membro do Conselho Estadual de Educação eCidadão Honorário de Curitiba.

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