Em 2012, Agosto foi escolhido pelo Governo do Estado do Paraná para ser o mês destinado à realização de ações de incentivo à prevenção e à promoção da saúde do homem. O principal objetivo da campanha conhecida como Agosto Azul é motivar uma mudança cultural para que os homens procurem atendimento médico e se dediquem, de fato, à sua saúde.
Campanhas como essa têm sido implementadas em todo o país, mas a esperada mudança de comportamento ainda não se consolidou. Ao contrário, estudos recentes revelam que homens brasileiros vivem até sete anos a menos que as mulheres e respondem à pergunta: “por que isso acontece?”. Essa estatística é o resultado do negligenciamento dos homens com os cuidados de saúde. Muitas vezes por receio, os homens buscam o auxílio médico quando as doenças já estão instaladas, por vezes, dificultando o tratamento considerado tardio.
Jonatas Luiz Pereira, uro-oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, destaca o câncer de próstata como uma das doenças que mais acometem os homens. “O câncer de próstata é o tumor mais comum entre homens com mais de 50 anos. Pelas estatísticas americanas, um em cada seis homens desenvolverá câncer de próstata no decorrer da vida. No entanto, somente 1 em cada 35 morrerá da doença. Inicialmente silenciosa, essa doença pode ser diagnosticada e tratada com intenções curativas. Nas fases mais tardias, quando aparecem os sintomas, o câncer pode crescer rapidamente e se espalhar para outros órgãos. Nesta etapa, buscamos o controle da doença”, cita o médico.
Entre os fatores de risco que aumentam a probabilidade de ocorrência do câncer de próstata estão a idade avançada e o histórico familiar. Além desses há ainda o fator raça. “Homens negros correm mais risco de ter a doença e apresentam uma tendência de desenvolver tumores mais agressivos”, de acordo com o uro-oncologista. Alguns estudos apontam também a obesidade e o sobrepeso como fatores que potencializam o risco de câncer de próstata, no entanto esse tema é controverso.
Mudança de hábitos
Prevenção continua sendo a palavra de ordem e está diretamente relacionada a hábitos saudáveis. Portanto, adotar uma alimentação rica em frutas frescas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura; praticar exercícios físicos, no mínimo 30 minutos por dia ou 150 minutos na semana; manter o peso adequado em relação à altura, diminuir o consumo de álcool; não fumar, são todas medidas que ajudam a diminuir o risco de câncer.
Doutor Jonatas Luiz Pereira destaca desse cenário a participação positiva das mulheres, que continuam levando seus filhos, maridos ou pais às consultas médicas. Para ele, isso pode fazer a diferença e aumentar as chances de um diagnóstico precoce.
Outro dado interessante registrado pelo uro-oncologista é que hoje uma camada mais jovem da população masculina começa a frequentar o consultório médico. “Graças aos exames preventivos e à maior consciência da população, boa parte dos diagnósticos é feita antes que o tumor cause sintomas. A recomendação é que a partir dos 50 anos se faça anualmente um exame de PSA e o exame digital da próstata, popularmente conhecido como toque retal. Para pacientes negros e aqueles com parentes de primeiro grau com história de câncer de próstata (pai e irmãos), os exames estão indicados a partir dos 45 anos.”
As opções de tratamento para o câncer de próstata dependem do estágio em que ele foi diagnosticado. Entre elas estão a vigilância ativa, a radioterapia e a cirurgia, que pode ser feita via aberta, laparoscópica ou robótica.