Gláucia Moraes foi convidada pelo próprio presidente do American College of Cardiology a relatar o contexto da profissão
As mulheres continuam subrepresentadas na Cardiologia, tanto dos Estados Unidos, quanto do Brasil. É o que revela artigo assinado pela editora associada da ABC Cardiol e International Journal of Cardiovascular Sciences – revistas científicas da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Gláucia Moraes. Ela destaca que nos dois países as mulheres são a metade da população, porém, na cardiologia, representam apenas um terço dos especialistas. O conteúdo foi preparado a convite do próprio presidente do ACC, Richard Kovacs, e publicado na edição de agosto do Journal of the American College of Cardiology.
Na introdução do artigo, o presidente do American College of Cardiology informa uma série de iniciativas já adotadas pela entidade para estimular uma maior participação feminina e que resultou em um número crescente de mulheres assumindo cargos de liderança no ACC. “Por meio do trabalho da seção ACC Women in Cardiology também desenvolvemos programas e ferramentas exclusivas para ajudar as mulheres na fase inicial de suas carreiras a romper barreiras, encontrar mentores e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Embora a mudança não aconteça da noite para o dia e os frutos de nossos esforços agora possam não ser totalmente vistos ou sentidos por muitos anos, as primeiras indicações mostram que estamos no caminho certo”, completa Richard Kovacs.
Gláucia Moraes ressalta que é necessário buscar melhor remuneração para as mulheres e valorização do papel delas na sociedade, além de proporcionar mais posições de liderança nas organizações médicas. A editora associada da ABC Cardiol lembra que o tema foi amplamente discutido no Brasil, em um simpósio realizado em João Pessoa/PB, no primeiro semestre de 2019. Durante o evento foi escrito o documento “Carta das Mulheres” com “o objetivo de estimular discussões de longo prazo sobre como moldar as políticas de saúde brasileiras, estabelecer ações estratégicas para reduzir a prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares em mulheres e melhorar o diagnóstico e a abordagem terapêutica, reduzindo assim a mortalidade e a morbidade”, resume.
A “Carta das Mulheres” foi publicada na ABC Cardiol e ainda entregue a diversas autoridades dos três poderes brasileiros: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Gláucia Moraes conclui no artigo que as mulheres têm uma importância substancial na prestação de cuidados de saúde em todo o mundo e que uma rede global associada à comunicação digital em pesquisa clínica poderia ser usada para compartilhar informações para melhor educar e orientar jovens profissionais. “A parceria entre mulheres de diferentes comunidades do ACC apoiará a aliança necessária para reduzir os problemas regionais que compartilham raízes semelhantes, culminando, assim, em inovações no tratamento de doenças cardiovasculares em todo o mundo”, acredita.
E por fim, Gláucia Moraes afirma que os objetivos para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares só serão atingidos se abrangerem ambos os sexos, todas as etnias e todas as culturas ao redor do mundo. “Acredito que o ACC pode construir uma ponte para promover o conhecimento, a equidade e a inovação no tratamento cardiovascular global”.