A atualização da Diretriz de Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC – revela que, na década de 1980, no país, de cada 100 crianças nascidas vivas, apenas 30 poderiam esperar completar aniversário de 80 anos. Nesta década, esse número passou para 55, um aumento de 83%. Por outro lado, os idosos morrem mais de doenças cardiovasculares do que a média da população, que está em 30%, com 400 mil óbitos por ano, segundo o Cardiômetro da SBC.
“As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte da população idosa: 34,2% e 35,2% dos óbitos masculinos e femininos, respectivamente. Entre elas, destacam-se o infarto e os derrames (AVCs)”, explica o cardiologista José Maria Peixoto, um dos editores do documento juntamente com Gilson Soares Feitosa-Filho e José Elias Soares Pinheiro. Os cânceres aparecem somente na segunda posição: 19% das mortes masculinas, 15,5% das femininas, seguido das doenças do aparelho respiratório: 14,3% entre os homens e 14,7% nas mulheres.
A Diretriz da SBC constata que, com o avanço da idade, as pessoas passam a conviver com as doenças crônicas, como hipertensão, colesterol elevado, diabetes, entre outras. Segundo o documento, nesta década, entre os idosos brasileiros, apenas 22,3% não apresentaram nenhuma doença crônica. Quase a metade, 48,6%, tinha uma ou duas doenças e 29,1% três ou mais.
As mulheres tiveram mais doenças do que os homens, 81,2% e 73,1%, respectivamente, e a predominância é para as moléstias cardiovasculares. 62,0% dos homens idosos e 67,4% das mulheres também idosas tem hipertensão. Já o colesterol elevado atingiu 23,2% dos homens e 36,9% das mulheres.
Para reduzir esses índices, a fórmula é mais do que conhecida e está alicerçada na prevenção. “Mudanças no estilo de vida, controle do tabaco e do álcool, dieta alimentar balanceada e exercícios físicos, contribuirão para diminuição das mortes por doença cardiovascular”, diz o presidente do 74° Congresso Brasileiro de Cardiologia e integrante do Conselho de Normatizações e Diretrizes da SBC, Leandro Zimerman.
A Diretriz, que é um documento técnico para orientar os próprios especialistas e clínicos, incorporou as recentes inovações para o tratamento das doenças cardiovasculares nos idosos. Estão contemplados no documento, por exemplo, o uso de novos anticoagulantes orais mais eficazes e o implante de válvula artificial por técnicas de cateterismo (TAVI). A estenose aórtica grave se tomou um sério problema de saúde pública e atinge de 3% a 5%dos idosos com idade superior a 75 anos, sendo que 30% destes pacientes apresentam doenças associadas que impedem a cirurgia cardíaca convencional para substituição da válvula aórtica por uma prótese valvar, sendo recomendável o TAVI. O implante ainda não faz parte do Rol de Procedimentos da ANS e um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional prevê a cobertura, em hospitais públicos, que igualmente não está contemplada pelo SUS.
Serviço:
74º Congresso de Cardiologia
Data: de 20 a 22 de setembro de 2019
Local: Centro de Convenções FIERGS
Endereço: Av. Assis Brasil, 8787, Porto Alegre/RS