Fatores de risco como colesterol elevado, hipertensão, sedentarismo, obesidade, diabetes, tabagismo e álcool em excesso precisam ser evitados, para que os índices caiam
De cada 10 pessoas que morrem de doenças cardiovasculares no Brasil, seis são vítimas de infartos ou acidentes vasculares cerebrais – AVCs, popularmente conhecidos como derrames. Apesar de ter havido uma queda no número de mortes – de 362.091 em 2016 para 358.852 em 2017 – esta ainda é a maior causa de óbitos no país. Cardiologistas do mundo inteiro vão se reunir em Porto Alegre, entre os dias 20 e 22 de setembro, para debater tratamentos e formas de prevenir as doenças do coração.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os homens são as principais vítimas das doenças cardiovasculares. Em 2017, 187.956 óbitos no sexo masculino foram registrados no Brasil. Entre as mulheres foram 170.896. Mas esta diferença já foi muito mais acentuada. Há 50 anos, para cada 10 mortes por doenças cardiovasculares, nove eram homens e apenas uma era do sexo feminino. “A jornada dupla ou até mesmo tripla das mulheres contribuem para este quadro negativo, uma vez que o estresse é um fator de risco para as doenças cardiovasculares”, ressalta o diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC, Fernando Costa.
Os homens lideram as estatísticas de infarto, 67.210, enquanto foram registradas 47.840 mortes pelo mesmo motivo no sexo feminino. Já os AVCs são equilibrados (50.919 entre homens e 50.269 entre mulheres). Uma das justificativas para o número elevado de mulheres vítimas de derrame está na menopausa, quando as mulheres perdem a proteção hormonal e se tornam mais vulneráveis as doenças cardiovasculares. Muitas vezes, com mais gravidade do que os homens. “Há um indicativo de que a mulher tenha maior fragilidade vascular que os homens, mas ainda não há um trabalho científico que sustente de forma definitiva essa tese”, explica Fernando Costa.
Rio Grande do Sul em alerta
O Rio Grande do Sul lidera o número de mortes por AVC e por infarto, na região sul do país. Apesar de possuir a mesma população do Paraná, o número de óbitos por AVC no estado foi de 7.417, enquanto no Paraná foram 5.998 mortes em 2017 e 2.812, em Santa Catarina, no mesmo ano. Os gaúchos também lideram o ranking de infartos, com 7.207.
AVC – Mortes por estado / região 2017
Região/Unidade da Federação | Masc | Fem | Total | |
Região Sul | 7.980 | 8.247 | 16.227 | |
.. Paraná | 3.123 | 2.875 | 5.998 | |
.. Santa Catarina | 1.379 | 1.433 | 2.812 | |
.. Rio Grande do Sul | 3.478 | 3.939 | 7.417 |
Infarto – Mortes por estado / região 2017
Região Sul | 9.848 | 6.863 | 16.711 |
.. Paraná | 3.672 | 2.313 | 5.985 |
.. Santa Catarina | 2.119 | 1.400 | 3.519 |
.. Rio Grande do Sul | 4.057 | 3.150 | 7.207 |
Para o presidente do Congresso Brasileiro de Cardiologia, Leandro Zimerman, uma das explicações para este dado negativo é o alto índice de tabagistas no Rio Grande do Sul. Segundo dados recentes do Vigitel, 14,4% da população de Porto Alegre possui o hábito de fumar. No Brasil, este percentual é de 9,3%. Outros fatores importantes são a inatividade física, comum aos gaúchos, e o consumo elevado de carne vermelha. “O gaúcho come com frequência churrasco. Isso significa ingestão de mais sal e mais gordura, o que pode acarretar hipertensão arterial e aumento de eventos cardiovasculares”, destaca.
Na opinião de Zimerman, é importante também considerar que a imigração do Rio Grande do Sul é diferente de Santa Catarina e Paraná. “Isso pode significar uma carga genética de risco diferente”, conclui o presidente do 74º CBC.