Grupos de Whatsapp de pais de crianças de uma mesma turma ou escola agilizam a comunicação, pois permite a partilha entre os responsáveis sobre as informações de atividades escolares, procedimentos, datas, horários, entre outros assuntos do dia a dia. Esse recurso tecnológico aproxima as famílias e permite – de maneira democrática – que todos possam expressar os seus pontos de vista e trocar informações sobre as atividades da escola. Além disso, os grupos de Whatsapp podem fortalecer os laços entre os pais, de maneira empática, para além dos muros da escola. Por outro lado, pode se transformar em uma “voz paralela” ao que a criança diz em casa: “a mãe do amiguinho disse no grupo que tinha a tarefa e você falou que não tinha nada”… precisamos preservar a confiança, pois ela é a base para a construção da responsabilidade e da autonomia.
O surgimento desses grupos alterou a dinâmica entre alunos, escola e pais, de maneira profunda. Empoderou a todos, indistinta e simultaneamente. A virtude é que há sempre quem critique e quem defenda e, desde que preservados a forma (escrita educada e respeitosa) e o conteúdo (responsabilidade pelas mensagens trocadas), todos os pontos de vista são bem-vindos e devem ser respeitados. Porém, o julgamento que brota, silencioso e invisível em mensagens ou emojis, acaba por revelar a incapacidade de alguns responsáveis em transitar com ponderação diante de divergências – que são muitos comuns em famílias tão diferentes.
Vale relembrar que ato coletivo sempre confere mais poder que o gesto individual. Por isso, os responsáveis preferem se articular antes nos grupos de Whatsapp, reunindo outras vozes em torno de si – e só então levar a questão para o colégio. O problema dessa estratégia é que, em boa parte das vezes, um pequeno erro ou um mal-entendido tomam a proporção de crise. E essa crise acaba por “explodir” dentro da escola, na maioria das vezes, causando mal-estar entre famílias e professores, entre colegas de turma. Falta serenidade para conseguir enxergar que toda história tem dois lados e mais de uma parte interessada. Praticar a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro) e a alteridade (entender que o outro é o outro, portanto diferente de nós) é que nos permite avaliar a situação com calma e, porque não dizer, rever posições que julgávamos imutáveis.
Creio que seja do conhecimento de todos que aceitar participar de um grupo implica em ser responsabilizado – em situações extremas, civil e criminalmente, especialmente quando ocorrem injúria, calúnia ou difamação nos grupos – por todos os conteúdos ali apresentados, pois a omissão significa concordância e ciência, portanto conivência. Se no grupo circular alguma calúnia ou inverdade, seus integrantes não podem alegar desconhecimento. Cada participante tem o dever de, além de se manifestar por meio do registro escrito acerca do assunto (caso não concorde), fazer a informação chegar até a escola para que as providências cabíveis sejam tomadas. Uma boa dica a todos os participante é somente dar o aceite no grupo se tiver condições e tempo para acompanhar e se posicionar.
* Acedriana Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.