De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade dos jovens com idade entre 16 e 25 anos estão contaminados com o Papiloma Vírus Humano. Prevenção é fundamental para reverter cenário
Você sabia que existem mais de 150 tipos diferentes de Papiloma Vírus Humano (HPV)? Do total, aproximadamente 40 tipos podem infectar o trato ano-genital. Altamente contagioso, na maioria das vezes assintomático e sem cura, o HPV é transmitido principalmente durante a relação sexual sem proteção ou por contato pele a pele – inclusive, sem penetração vaginal ou anal.
De acordo com um levantamento do Ministério da Saúde em 2018, a prevalência do HPV no Brasil é de 53,6% – sendo que mais da metade dos jovens brasileiros com idade entre 16 e 25 anos estão contaminados. Se não identificada e tratada, a infecção pelo HPV pode levar ao aparecimento de lesões e até mesmo ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, sendo o de colo de útero o mais comum, mas também nos órgãos genitais da mulher e do homem, na orofaringe e na boca.
“Existem vários tipos de vírus que causam verrugas (nas mãos e genitálias), e alguns tumores tem relação com a infecção pelo HPV na sua origem”, explica o médico cooperado da Unimed Curitiba especialista em mastologia, Carlos Afonso Maestri. O médico afirma que, nas mulheres, os casos podem ser minimizados com a prevenção. “Exames, como o Papanicolau, ajudam a detectar o câncer de colo de útero no início, evitando o avanço”, afirma, reforçando que esse é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil e o quarto que mais mata, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Uma das formas mais eficazes de prevenção é a vacina, tanto para os homens quanto para as mulheres em todas as idades. A vacina quadrivalente contra o HPV, feita por meio de fragmentos virais, é considerada altamente efetiva e protege contra a infecção dos vírus que causam sintomas mais graves, como o desenvolvimento de cânceres e verrugas genitais.
Vacinação e as fake news
As vacinas não oferecem riscos à saúde e são mundialmente indicadas para meninas e mulheres de nove a 46 anos e para meninos e homens de nove a 26 anos. No Brasil, a vacina é disponibilizada pela rede pública de saúde em duas doses apenas para meninas entre nove e 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, e pessoas que convivem com HIV ou transplantadas entre nove e 26 anos.
Entretanto, o médico da Unimed Curitiba especialista em infectologia, Jaime Rocha, fala sobre a importância a vacinação coletiva de mulheres até 46 anos e homens até os 26 anos. Ele explica que, ao vacinar um número maior de pessoas, reduz-se a incidência e a circulação dos vírus e que as notícias falsas, chamadas fake news, são um empecilho para o aumento da cobertura vacinal contra o HPV. Em março, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (CIIC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou um comunicado alertando para o problema e afirmando que a vacina é indispensável para diminuir a incidência de câncer de colo do útero, por exemplo. “A vacina é segura e também não causa eventos adversos graves, aborto ou interrupção da gravidez”, afirma o médico, que também é diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba, responsável pela Unimed Laboratório.
Ainda no que diz respeito ao público-alvo, Rocha acrescenta que mesmo quem já iniciou a vida sexual, casais em relacionamentos estáveis e homossexuais também devem buscar a imunização. O mesmo vale para quem já foi diagnosticado com algum tipo do Papiloma Vírus Humano. “Existe um tabu muito grande quando o assunto é HPV, mas é preciso ter muito claro que todos estão expostos e suscetíveis a contrair algum tipo do vírus. Mesmo quem já contraiu um dos vírus, pode se proteger dos demais. Ou seja, é fundamental que todos, mesmo que não contemplados em programas de vacinação do Ministério da Saúde, busquem a prevenção por meio das três doses da vacina”, afirma, reforçando que as pessoas podem procurar a vacina na rede particular, que oferece três doses. E completa: “Infelizmente a adesão do brasileiro ainda é tímida, principalmente entre os homens. Observamos que muitos não completam o esquema vacinal de duas doses, quando o recomendado são três, especialmente após os 15 anos”. andressa@nqm.com.br