Mesmo planejando a gestação, muitas mulheres costumam se assustar quando o resultado dá positivo. Imagina quando descobrem então que estão esperando dois ou mais bebês?
A gravidez múltipla costuma gerar muitas dúvidas por parte dos pais, principalmente sobre a hora do nascimento. “É sabido que este tipo de gestação requer cuidados especiais, mas, assim como em qualquer gravidez, se estiver correndo tudo bem com a mãe e os fetos, o parto normal é recomendável, ” explica Dr. Alberto Guimarães, ginecologista, obstetra e precursor do “Parto sem Medo”.
Em condições ideais, sem uma patologia prévia, o mais interessante é que o nascimento dos bebês ocorra por via vaginal, mesmo porque os benefícios de um parto normal são vários: é mais seguro para a mamãe e os bebês, há um menor risco de hemorragia, a recuperação da mulher é mais rápida e o contato entre a mãe e os bebês é imediato.
“A indicação de cesárea só deve acontecer se a gestante apresentou hipertensão arterial durante a gestação; suspeita de descolamento de placenta; se o primeiro bebê estiver numa posição transversa ou pélvica; se o peso dos nenês estiver abaixo do esperado; ou em casos mais graves como a transfusão feto-fetal, condição em que um bebê pode levar o óbito do outro, “aconselha o obstetra Guimarães.
Conheça os tipos de parto indicado para a gestação de gêmeos:
Tipo de parto indicado:
É sabido que este tipo de gestação requer cuidados especiais, mas, assim como em qualquer gravidez, se estiver correndo tudo bem com a mãe e os fetos, o parto normal é recomendável. Os benefícios do parto via vaginal são muitos: é mais seguro para a mamãe e os bebês, há um menor risco de hemorragia, a recuperação da mulher é mais rápida e o contato entre a mãe e os bebês é imediato.
Cesárea: só deve acontecer se a gestante apresentou hipertensão arterial durante a gestação; suspeita de descolamento de placenta; se o primeiro bebê estiver numa posição transversa ou pélvica; se o peso dos nenês estiver abaixo do esperado; ou em casos mais graves como a transfusão feto-fetal, condição em que um bebê pode levar o óbito do outro.
Parto prematuro: Na gravidez gemelar é até considerado normal um trabalho de parto prematuro, antes das 37 semanas. Um dos fatores que leva a essa precocidade é a hiperdistensão do útero, ou seja, o órgão é esticado de modo precoce tendo dois nenês do que somente um. A hiperdistensão, junto com a pressão que estes bebês fazem no colo do útero, pode levar a uma ruptura de membranas.
Para superar as 37 semanas e esperar a mulher entrar em trabalho de parto é necessário que a mãe não tenha tido nenhuma complicação durante a gestação e que a vitalidade fetal esteja preservada.
1) É normal que gêmeos nasçam prematuro? Por que?
É esperado e até considerado dentro do esperado um trabalho de parto prematuro, antes das 37 semanas gemelares, principalmente porque existe uma hiperdistensão do útero, ou seja, o útero é esticado de uma maneira muito mais precoce tendo dois nenês do que somente um. Então esta hiperdistensão, junto com a pressão que estes bebês acabam fazendo no colo do útero, faz com que ocorra uma ruptura de membranas. Estes são fatores que no geral podem fazer com que o trabalho de parto ocorra de maneira mais precoce.
2) Até quando a gestação pode ser levada? Existe um prazo “máximo” de segurança nesses casos?
Na verdade existem estudos internacionais que apontam muito critério quando se diz respeito a esta gestação superar as 38 semanas no caso de gemelar. Por exemplo, o colégio americano de ginecologia e obstetrícia defende que, para deixar passar das 38 semanas, para ficar numa conduta expectante, esperando entrar em trabalho de parto é importante que a mãe não tenha nenhuma complicação, assim como a vitalidade fetal esteja preservada, que ela esteja realmente garantida.
3) Gêmeos podem nascer de parto normal?
Sim. Não só podem como devem nascer de parto normal.
4) Nesses casos, qual é a via de nascimento que apresenta mais riscos: parto normal ou cesárea? Por que?
Se for juntar as complicações de uma cesárea no que diz respeito a gravidez atual e comprometimento eventualmente, de outras gestações, temos que pensar que a melhor via continua sendo a vaginal. Entretanto uma cesárea pode ser indicada quando o primeiro bebê está numa posição transversa ou pélvica, por exemplo; dependo também do peso dos bebês, do momento da definição do nascimento se por alguma circunstância ou patologia seja menor que um quilo. Então a cesárea nestes casos ela tem lá suas indicações.
5) É melhor induzir um parto ou fazer a cesárea? Explique.
Em condições ideais, sem uma patologia prévia, o mais interessante é que seja de parto normal, portanto, pode ser feito uma indução de trabalho de parto em uma gestação gemelar. Não há necessidade de partir para cesárea de maneira indiscriminada.
6) O que pode inviabilizar o parto normal? É possível esperar em trabalho de parto? Quais casos pedem uma cesárea agendada?
Imagina que a grávida tenha uma hipertensão arterial associada, ou se o primeiro bebê estiver numa posição transversa, por exemplo, vai ficar difícil querer fazer parto normal e neste caso é indicada uma cesárea. Outras questões são: suspeita de descolamento de placenta; de o cordão sair antes que a procedência de cordão; uma pré-eclâmpsia descompensada é indicação de cesárea ou numa situação onde tenha alteração entre os fetos tem uma coisa chamada de transfusão feto-fetal condição em que um pode levar o óbito do outro. Existem situações que está planejando parto normal, mas que pode ter uma indicação de cesárea neste caminho.
Outro aspecto a ser considerado é que tem situações que o primeiro bebê pode ser parto normal e o segundo, uma possibilidade de indicação de parto cesárea.
. 7) A posição dos fetos interfere no parto? Como eles devem estar para o parto normal ser possível?
Sim. É consenso dividir a posição dos fetos num grupo onde a cabeça do bebê está para baixo, os dois estão para baixo, dito posição cefálica-cefálica.
Existe outro grupo onde o primeiro é cefálico e o segundo independe, não-cefálico. Estes dois grupos dá para pensar em parto normal. Cefálico-cefálico em torno de 45%; cefálico com o outro não cefálico 35%; e o terceiro grupo onde o primeiro não está cefálico em torno de 20%. São fatores importantes na resolução. O primeiro bebê estando cefálico ou os dois cefálico-cefálico você pode pensar em um parto normal.
8) Depois que o primeiro nasce, o segundo pode mudar de posição?
Pode.
9) Alguma posição pode ser indicação real de cesárea?
Tem situações em que pode precisar de cesárea, digamos depois de o primeiro ter nascido de parto normal e o segundo ter esse procedência de cordão, que é o cordão sair antes, ou descolamento de placenta, são situações em que para salvaguardar o segundo indicamos a cesárea, chamamos isso de conduta combinada.
10) Na prática, como eles geralmente estão posicionados? (Se tivermos números e porcentagens, ótimo!)
As posições dentro do útero são cefálico-cefálico, que são os dois de cabeça para baixo, cerca de 45%; o primeiro cefálico e o segundo não cefálico, cerca de 35%; e a terceira situação onde o primeiro não cefálico, cerca de 20%.
11) As manobras prévias realizadas em alguns casos para mudar o feto de lugar são indicadas ou eficientes em gestações gemelares?
Não, geralmente não são indicadas porque aumenta riscos de desencadear este trabalho de parto, risco de ruptura de membrana e descolamento de placenta e não é de praxe, ficar manipulando e tentando mudar a posição antes do trabalho de parto. Existem situações onde o primeiro bebê é cefálico e o segundo, por exemplo, está transverso aí você vai ter que fazer uma manobra para retirar este bebê, seja tentar virar cefálico ou vir pelo pé, mas aí seria durante o trabalho de parto, que chamamos de conduta combinada.
12) Durante a gestação, é preciso algum cuidado específico? Explique.
Sim, são necessários muitos cuidados na gestação gemelar, como um pré-natal acompanhado de perto; uma boa orientação médica para a gestante; entender que a gestação pelo fato de ser gêmeo ou trigêmeo este útero vai ter uma distensão mais precoce, o colo do útero vai ter uma demanda maior, então este colo pode abrir mais precocemente; pode romper bolsa; a gestação gemelar tem chance maior de aumento de pressão e diabetes. São muitas complicações então precisa de cuidados especiais.
13) Durante o parto, é preciso algum cuidado específico? Explique.
Este parto deve ser acompanhado de perto,deve-se levar em consideração se o primeiro está cefálico, considerar se o primeiro tiver um peso muito menor que o segundo, tem que ver essa possibilidade da via de parto para os dois, é preciso que entenda que esta gestação tem mais risco hemorrágico, de este útero ter mais dificuldade de contrair, pode ser que seja necessário durante o trabalho de parto o uso de ocitocina porque é um parto que, depois que desencadeia, ele fica muito moroso e você tem que ter algumas atuações, é uma situação que requer cuidados.
14) Parto gemelares podem acontecer em casa? Explique.
É óbvio que as pessoas que defendem o parto domiciliar, pode imaginar que possa ser exagero do Dr. Alberto Guimarães pensar que o parto gemelar não possa nascer no domicílio. Mas se a gente considerar que o gemelar realmente por si, aumenta risco de algumas complicações e pensar no parto domiciliar de baixo risco, é prudente que o desfecho seja em ambiente hospital. Não que seja cesárea, mas que possa realmente esperar dentro do período o desencadear do trabalho de parto e dar uma assistência de perto, para acompanhar o trabalho de parto. Por isso, o ambiente hospital é o mais indicado.
Fique à vontade para fazer qualquer outro tipo de contribuição ou acréscimo. As perguntas servem apenas para nortear a entrevista.
Alberto Guimarães
Formado pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), o médico atualmente encabeça a difusão do “Parto Sem Medo”, novo modelo de assistência à parturiente que realça o parto natural como um evento de máxima feminilidade, onde a mulher e o bebê devem ser os protagonistas. Atuou no cargo de gerente médico para humanização do parto e nascimento do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, CEJAM, em maternidades municipais de São Paulo e na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Site: https://www.partosemmedo.com.br/
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