Luciana Gazzoni*
Não é difícil subestimar a escala e a velocidade das mudanças que ocorreram no século 20. Tivemos avanços científicos e tecnológicos que impactaram significativamente nossas vidas, mas estamos prestes a vivenciar um momento ainda mais intenso. Como líderes de uma Era Digital, é nossa responsabilidade navegar nas mudanças com integridade e gerar uma liderança positiva e impactante.
Atualmente, muitos trabalhadores estão suscetíveis ao trabalho físico, baixas remunerações e poucas oportunidades de desenvolvimento profissional e realização. É aí que entra a 4ª revolução industrial, que deve criar oportunidades de reinventar o trabalho. Mas esta revolução também nos desafia no desenvolvimento de novas habilidades.
A primeira revolução marcou a transição da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu a manufatura em massa. Também vieram novas tecnologias e diferentes formas de trabalho. Muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas mas, em contrapartida, foram criadas novas possibilidade de acesso ao estudo, que ainda não eram disponíveis para trabalhadores da agricultura das áreas rurais.
A terceira revolução industrial aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações. A quarta revolução industrial, que também é chamada de 4.0, traz a tendência à automatização total de postos de trabalho. Conforme comenta Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial e autor do livro A quarta revolução industrial, “estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”.
A quarta revolução industrial é uma transformação tecnológica que envolve aspectos como a robotização, inteligência artificial, impressão tridimensional, entre outros. Para Klaus, a automatização poderá acabar com sete milhões de empregos até 2020. Países emergentes como China, Índia e Brasil perderão mais empregos para as máquinas. Um dos nossos maiores desafios será desenvolver a capacidade de transferir trabalhos físicos e altamente analíticos para máquinas e robôs. Muitos governos e empregadores estão incentivando seus estudantes a investirem em áreas como ciências, matemática e engenharia. É uma forma de preparar mão de obra para a demanda futura. Mas nós não precisaremos somente de engenheiros de software. Os profissionais do futuro deverão ter algumas características essenciais. Entre elas, agilidade para o aprendizado, habilidade de compartilhar e conectar pontos; além de alta inteligência emocional e social para criar relações de confiança com colegas, interna e externamente à organização O profissional do futuro precisará entender de tecnologia mas, acima de tudo, deverá saber se conectar com a sociedade e gerar progresso para todas as partes interessadas. Conectividade é um produto da tecnologia e contribui para ambientes mais inclusivos, onde colaboradores à distância podem participar ativamente de processos e gerar soluções em conjunto.
E se os funcionários precisarão dessas competências, você pode imaginar como serão os líderes? E o desafio de liderar pessoas que não estarão necessariamente sentadas em um escritório? Será imprescindível saber medir e recompensar pessoas em um ambiente virtual, conectar e integrar colaboradores para gerar resultados.
As organizações e os líderes do futuro precisarão contribuir com o desenvolvimento de seus funcionários. Caberá a nós a criação de sistemas eficazes para requalificar as pessoas e torná-las capazes de se sustentarem nesta nova realidade. Como líderes, precisaremos contribuir e influenciar a sociedade para que a quarta revolução industrial não aumente as diferenças sociais e possa, de fato, colaborar com a humanidade.
*Luciana Gazzoni é interculturalista, especialista em gestão de pessoas e liderança, consultora do Sistema Positivo de Ensino.