Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de 288 mil brasileiros já perderam a vida em 2019 em decorrência de problemas cardiovasculares. Uma parte considerável dos casos, no entanto, poderia ser evitada com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e a realização periódica de exames preventivos – especialmente após os 35 anos ou em caso de histórico familiar.
Para reforçar as ações de conscientização no Dia Mundial do Coração, lembrado anualmente em 29 de setembro, o cardiologista do Hospital Santa Cruz, Dr. Rafael Yared Forte, fez um guia com as cinco doenças mais comuns, seus sintomas e tratamentos:
- Cardiopatia Hipertensiva
É causada pela Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), também conhecida como pressão alta. Surge após longos períodos sem tratamento ou com tratamento inadequado para controle dos níveis de pressão arterial. Inicialmente, gera a hipertrofia do miocárdio, ou seja, o crescimento do músculo cardíaco. Posteriormente, ocorre a dilatação do coração.
Sintomas: falta de ar (no início, apenas nos períodos de esforço físico, mas, com a evolução da doença, também passa a ocorrer em repouso), palpitações e dor no peito durante esforço.
Tratamento: com medicamentos e mudanças de hábitos, entre elas a perda de peso, a redução do uso de sal e álcool, a prática de atividades físicas e o controle do estresse.
- Cardiopatia Isquêmica
É causada pela obstrução parcial das artérias coronarianas que irrigam o miocárdio, com ou sem história de infarto agudo do miocárdio prévio. Geralmente ocorre pela formação de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem de sangue e o fornecimento de oxigênio ao coração.
Sintomas: desconforto e dor no peito tipo aperto ou queimação durante esforço.
Tratamento: com medicamentos ou cateterismo cardíaco com implante de stents para reabertura das artérias coronarianas ou revascularização miocárdica cirúrgica (ponte de safena e mamária).
- Infarto do Miocárdio
É um quadro agudo dentro das cardiopatias isquêmicas que é causado pela obstrução total de uma artéria coronária que irriga o miocárdio. Nesse caso, o paciente precisa ser tratado ainda nas primeiras horas após o infarto para evitar a necrose de parte do coração e até mesmo a morte.
Sintomas: Dor no peito de forte intensidade tipo aperto ou queimação, que também pode atingir a “boca” do estômago ou a região do pescoço; a dor é contínua e persiste por mais de 30 minutos, com irradiação para o braço esquerdo, podendo gerar também falta de ar, náusea e vômitos.
Tratamento: cateterismo cardíaco de urgência com implante de stents para reabertura das artérias coronarianas ou revascularização miocárdica cirúrgica (ponte de safena e mamária).
- Cardiopatias Valvares
São causadas por lesões congênitas (que nascem com a pessoa) ou adquiridas ao longo da vida que levam a obstrução (estenose) e/ou a insuficiência (refluxos) das valvas do coração – que são as estruturas responsáveis pelo controle do fluxo de sangue dentro do órgão. As lesões adquiridas podem estar relacionadas à doença reumática e à degeneração comum ao envelhecimento. As valvas mais acometidas são a mitral e a aórtica.
Sintomas: falta de ar, inicialmente durante esforço, evoluindo também para o período de repouso; palpitações, inchaço das pernas, dor no peito e desmaios.
Tratamento: com medicamentos e, em casos mais graves, a troca das valvas por próteses biológicas (humanas/ suínas) ou metálicas via cateterismo cardíaco ou cirurgia cardíaca.
- Insuficiência Cardíaca
É causada pela diminuição de força do miocárdio em bombear o sangue, ou seja, o coração fica “fraco”. É o quadro final de todas as demais doenças cardíacas citadas acima e também das congênitas, infecciosas, autoimunes, secundárias a quimioterapia, entre outras.
Sintomas: falta de ar durante esforço e, em fase avançada, também em repouso; falta de ar ao deitar, necessitando dormir com vários travesseiros, inchaço, principalmente das pernas, e fraqueza.
Tratamento: com medicamentos e a adoção de hábitos de vida mais saudáveis, como redução do uso de sal na alimentação e a prática de atividade física orientada. Em fase avançada, demanda a implantação de marca-passo, dispositivos de assistência ventricular ou transplante cardíaco.
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