“Tecnoferência”: como a distração dos pais ao celular impacta os filhos?

Estudos associam o fenômeno a sintomas de ansiedade e hiperatividade em
crianças; telas em excesso atrapalham o relacionamento dentro de casa

“Tecnoferência”: como a distração dos pais ao celular impacta os filhos?

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A distração dos pais ao celular ou ao computador enquanto estão perto dos filhos já ganhou um nome: tecnoferência, termo que traduz a interferência da tecnologia na vida familiar. E cada vez mais estudos sugerem que ela afeta o comportamento infantil. Um deles, publicado em agosto no Jama Network Open, mostra uma associação com casos de ansiedade e hiperatividade.

Os autores chegaram a essa conclusão após avaliar a percepção de crianças e pré-adolescentes sobre o uso de dispositivos tecnológicos pelos pais. Num período de três anos (2020 a 2022), aplicaram questionários a 1.303 voluntários em três momentos: quando tinham 9, 10 e 11 anos.

A avaliação continha afirmações como “gostaria que meus pais gastassem menos tempo no celular” ou “fico frustrado quando meus pais estão no celular em vez de passarmos tempo juntos”. Os participantes também responderam sobre sintomas de ansiedade, depressão, hiperatividade e falta de atenção. Os resultados mostraram níveis elevados desses transtornos na faixa dos 9 e 10 anos, associados a altas pontuações de “tecnoferência”.

Para os autores, quando as necessidades físicas e emocionais dos mais novos são consistentemente ignoradas ou respondidas de forma inapropriada, há maior risco de eles desenvolverem problemas comportamentais. De fato, estudos anteriores sugerem que essa interferência está associada a menor engajamento entre pais e filhos, menor habilidade em reconhecer as necessidades da criançs, menos tempo interações e mais respostas negativas ao comportamento infantil.

“Isso é um fenômeno atual e com certeza tem impacto nas relações humanas, provavelmente interferindo na educação”, diz o pediatra Claudio Schvartsman, do Hospital Israelita Albert Einstein. No entanto, o especialista ressalta que o fato de a coleta de dados ter sido feita durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, pode gerar um viés nos resultados.

Nesse sentido, os autores reconhecem que as percepções subjetivas das crianças também podem limitar as conclusões – por exemplo, jovens com sintomas de ansiedade podem perceber seus pais como mais distantes. Ainda assim, é importante discutir o uso da tecnologia com pais e filhos como parte dos cuidados rotineiros.


Fonte: Agência Einstein

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