Inteligência emocional: o desafio do mundo moderno

Mariana Drabik Vieira*

Como posso ensinar inteligência emocional para o meu filho? Simples, leve-o ao supermercado! Mesmo que sejam estabelecidos combinados anteriores, ao adentrarem no mundo das guloseimas você possivelmente observará o pequeno tentando burlar as regras para satisfazer suas próprias necessidades. E, possivelmente, logo após receber um “não”, a sessão de birra se inicia.

Frustrar nossas crianças com afeto e empatia é a receita perfeita para ensinarmos a como devem enfrentar o mundo, já que a capacidade de reagir e de se recuperar de situações de estresse pode ser muito útil para que o futuro adulto sobreviva ao mercado de trabalho, ao casamento ou até mesmo a uma final de Copa do Mundo.

Sentir raiva e tristeza é legítimo quando não temos aquilo que desejamos, inclusive essas emoções devem ser expressadas. São nesses momentos que as crianças se tornam resilientes, aprendem a reconhecer suas vontades, a controlar seus sentimentos e a comportarem-se de maneira adequada. E é aqui que aparece o desafio do mundo moderno.

Com a quantidade de informações que recebemos por minuto por meio das mídias digitais e com a impermeabilidade e fluidez dos relacionamentos atuais, o imediatismo ganha cada vez mais força. O futuro parece distante, o passado pode ser facilmente deletado e o presente acaba por não comportar a virtude da paciência. Se para os adultos este período transicional já é conturbado, imagine para os menores que já nasceram imersos na conectividade. Como podem eles saberem que devem abrir mão de uma satisfação imediata em detrimento de uma recompensa maior no futuro?

Para que a criança saiba identificar suas próprias emoções, é preciso que, primeiramente, um adulto as traduza, ofereça o controle emocional externo e ensine a como reconhecer as mesmas emoções nos outros. Então, para sermos bons educadores emocionais é necessário que sejamos adultos emocionalmente saudáveis.

Ter inteligência emocional significa saber identificar nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem nossas emoções e nossos relacionamentos. O primeiro passo para isso acontecer é desenvolver a autoconsciência, seguido da capacidade de colocar nossas emoções a favor de metas pessoais, sem que se prevaleçam atitudes impulsivas ou decisões precipitadas. Somente a partir disso é que poderemos então, reconhecer as mesmas emoções nos outros, ampliando a capacidade empática e a habilidade de se relacionar com o outro.

Além da importância do ambiente familiar saudável, ressalta-se o papel da escola, que é entendida como principal ambiente provocador de situações sociais, onde os pequenos terão que lidar com recompensas e frustrações a partir das relações com seus pares. O papel do professor se torna fundamental na criação do vínculo e da confiança, no desenvolvimento de atividades lúdicas e pedagógicas que estimulem a autoconsciência emocional e na mediação dos conflitos diários.

A construção de relações saudáveis da criança com os outros acontece a partir do momento que se sentirem aceitos e confortáveis em pedir ajuda quando necessário, ao passo que, gradativamente, podem arriscar-se e exercer autonomia para resolver situações diárias.

 

*Mariana Drabik Vieira é neuropsicóloga e psicóloga educacional do Colégio Positivo.

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