É sabido que o coronavírus impactou o mundo todo nas mais diversas áreas, junto a ele, no Brasil, se instaurou a maior crise financeira nunca antes vista.
Muito se falou sobre os impactos na saúde, visto que nenhum país, mesmo os com a economia forte, possui uma estrutura suficiente para atender as emergências que estão acontecendo, falou- se também, no tremendo impacto nas atividades econômicas, altas taxas de desemprego, quebra de empresas, paralização quase total do comércio, e outros.
Mas há outro fator que permeia o dia a dia corporativo, ao qual foi dada extrema importância no Brasil a partir das investigações da Operação Lava- Jato, este fator se chama Compliance e está relacionado ao conjunto de programas corporativos de conduta ética nos negócios. Esses programas de conduta existem mandatoriamente nos Bancos e instituições Financeiras, os quais possuem estruturas segregadas e com autonomia para tirarem um CEO sua posição se necessário, sendo rigidamente controlados pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários.
Penha Pereira, Economista e Gestora de carreira explica “Com a chegada do vírus no Brasil, a necessidade em tempo recorde de novos formatos de trabalho, gestão de equipes, condução de reuniões previamente marcadas, apresentações etc., tudo de modo remoto, se fez vastamente presente, o que até a alguns meses, era uma realidade incipiente na cultura corporativa”.
Devido à necessidade de novas maneiras de se trabalhar, novos processos, mais enxutos e menos burocráticos surgiram. Além disso, outro efeito da pandemia foi a redução nos quadros de colaboradores das corporações o que resultou na quebra de um dos pilares dos Controles e Compliance nas empresas, ou seja, a segregação de funções, situação que impôs mais um desafio na readequação dos quadros funcionais, sem descumprir as normas de Compliance.
A gestora demonstra que é perceptível um cenário que pode gerar grandes brechas para a ocorrência de atividades ilícitas, e da mesma forma que os modelos de trabalho mudaram, e será radicalmente difícil retornar ao modelo antigo, por uma serie de motivos, entre eles, a quase máxima redução de custos para as empresas, faz-se necessário uma revisão na forma de se trabalhar em Compliance, visto que a luta contra a falta de ética não poderá deixar de existir nunca.
A figura do Triângulo de Cressey (o triângulo da fraude), mostra claramente o potencial de risco trazido pela modalidade home office: a pressão, que é a existência de problemas financeiros que não podem ser compartilhados; a oportunidade, que é possibilidade de solucionar, secretamente esses problemas, pela violação de um demonstrativo financeiro; e a racionalização, é a ideia de que é necessário e se justifica a fraude, para que se resolva o problema financeiro da empresa.
Penha finaliza falando que “As áreas de Compliance devem estar conectadas com o novo trabalho, criando novas políticas e novos códigos de ética, ensinando aos profissionais de forma interativa e eficaz, sem engessar o negócio.
“O trabalho pode mudar, as pessoas também, mas a ética e o caráter são imutáveis”.
Penha Pereira
Economista, Master Coach e gestora de carreira
mariadapenhaapereira@gmail.com