Cenário de crise exige capacidade de negociação de pequenos negócios que atuam no exterior

Na exportação, alguns segmentos encontram dificuldade para encontrar mercado. Prejuízos para os importadores são causados pela alta dos preços de insumos e da cotação do dólar

Misael Jefferson Nobre está à frente da Associação de Pequenos Produtores de Ginseng de Querência do Norte e já realizou em 2020 exportações para o Japão e para a França. Crédito: Divulgação
Misael Jefferson Nobre está à frente da Associação de Pequenos Produtores de Ginseng de Querência do Norte e já realizou em 2020 exportações para o Japão e para a França. Crédito: Divulgação

Os impactos da crise causada pelo novo coronavírus são observados em escala global. Depois de desestabilizar o mercado na China, a pandemia avançou com força pela Europa e agora, atinge em cheio os EUA. No Brasil, o cenário de incertezas gerado pelo avanço da doença trouxe prejuízos para os pequenos negócios que atuam no mercado internacional. A alta do preço dos insumos e da cotação do dólar, bem como a dificuldade de alguns segmentos exportadores de encontrar mercado para itens de consumo considerados não-essenciais, exige dos empreendedores uma elevada capacidade de negociação com clientes e fornecedores.

Para os pequenos negócios importadores, a falta de insumos é uma das maiores preocupações, em especial para as empresas que atuam na indústria de base tecnológica. A melhor forma de enfrentar o problema é negociar prazo, preço e entrega com fornecedores com os quais já existe um relacionamento bem estabelecido. Outra dica é procurar novos parceiros e ofertas nas plataformas de marketplaces, buscando simultaneamente fornecedores do produto no mercado nacional.

De acordo com a coordenadora de agronegócios do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães, as empresas precisam planejar seus recursos para o fluxo de caixa, a logística de entrega dos produtos e até mesmo com a fiscalização de produtos perecíveis pelos órgãos responsáveis em cada país, uma vez que a operação no mercado internacional tende a ser mais complexa. Mas ela ressalta que, apesar dos temores dos produtores, há demanda tanto no mercado interno quanto externo.

“Existe uma grande necessidade por insumos relacionados à alimentação, por exemplo, tanto no Brasil quanto fora. Com a queda na produção, existe um mercado a ser explorado pelos pequenos negócios. Então, cabe aos empresários buscar novos compradores, oportunidades de vendas, parcerias e negociações. Nessa hora, o produto de qualidade pode se destacar”, ressalta ela.

A China, tradicional compradora do ginseng brasileiro, deixou de comprar o produto por conta da pandemia, mas já há negociações com Alemanha e Estados Unidos. Crédito: Divulgação

No Paraná, a Associação de Pequenos Produtores de Ginseng de Querência do Norte, no noroeste do Estado, realizou novas exportações de ginseng para o Japão na última semana e também começou levar seus produtos para a França. Ao todo, foram exportadas 5 toneladas do produto. Segundo o sócio-diretor da Associação, Misael Jefferson Nobre, por conta da crise do Coronavírus, as vendas para a China e as conversas com a Itália foram interrompidas, porém já há conversas com empresas da Alemanha e dos Estados Unidos para que o produto seja levado para esses países. Porém, Misael relata que ainda é necessário ampliar a capacidade de produção da Associação para atender a esses países.

“Temos um produto que é visto como diferenciado por conta de sua raiz e que despertou o interesse de muitas empresas estrangeiras. Aqui no Brasil ainda temos mais dificuldades em comercializar por conta do valor mais elevado do produto em relação a outros nacionais. Tivemos uma queda na produção por conta da seca, mas temos conseguido superar as dificuldades mesmo com a pandemia por conta da demanda crescente de países que foram menos afetados”, explica.

A associação conta hoje com 21 produtores de ginseng e deve ser ampliada no futuro para ampliar a capacidade de produção que pode chegar a 600 toneladas ao ano. A Associação também busca o registro de Indicação Geográfica (IG) para reconhecer o produto como único no mercado nacional.

O ginseng de Querência do Norte chama a atenção por ser só composto por raízes, parte da planta que contém propriedades medicinais. Crédito: Divulgação

O ginseng é uma planta que possui propriedades medicinais. O ginseng de Querência do Norte é orgânico e plantado de maneira sustentável às margens do rio Paraná. O produto se diferencia em relação aos demais por ter coloração mais amarelada e ser composto apenas por raízes, parte onde estão suas principais propriedades. De acordo com Misael, outros ginsengs incluem o caule e folhas da planta em sua composição.

Segundo estudo do Sebrae feito em 2019, mais de 40% das empresas exportadoras brasileiras eram micro e pequenos negócios e foram responsáveis por vendas externas no montante de US$1.239 milhões (em 2018). Desde o início do avanço da pandemia, o Sebrae tem disponibilizado uma série de conteúdos específicos para apoiar as micro e pequenas empresas que atuam no mercado internacional, abordando temas relacionados à gestão, mercado, inovação/tecnologia.

Resolução elimina impostos

Em abril, o Governo Federal, por meio da Câmara de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, anunciou que foi zerada a alíquota do Imposto de Importação de equipamentos de proteção e higiene, como vestuário unissex de proteção, máscaras de papel/celulose, sacos de eliminação de resíduos de risco biológico, dentre outros itens. A medida faz parte de um conjunto de ações que vêm sendo adotadas pelo Brasil no enfrentamento à pandemia do Covid-19.

comunica2@comuniquese1.com.br

Destaque da Semana

Grupo Zonta supera a marca de R$1 bilhão em investimentos em Joinville

Com a inauguração do Hipermais no Shopping Estação Joinville...

Regra das 5 horas: a técnica de líderes globais para potencializar a própria carreira

Usada por profissionais e gestores de sucesso, este método...

Molho de tomate: aprenda a escolher as versões mais saudáveis

Na correria do dia a dia, muitas pessoas recorrem...

Censo revela: quase 16,4 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil

Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil Publicado...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Mais artigos do autor