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Produtividade científica / Por Wanda Camargo*

Em recente evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ocorrido em live, como é a única possibilidade atualmente nesta pandemia, foram apresentados dados que comprovam o Brasil como ocupante da 11ª posição no ranking dos países mais produtivos em ciência no mundo. Em primeiro a China, notoriamente tentando proeminência mundial em vários setores, principalmente ciência, pois a contribuição do progresso técnico para o crescimento econômico têm sido comprovada exaustivamente, e apenas pequena parte deste crescimento é associada aos investimentos de capital. Países emergentes, desde que não sejam ideologicamente dependentes de países ricos, devem ser capazes de estabelecer uma estratégia nacional de desenvolvimento, e isso implica um bom programa de investigação em setores essenciais, ditos de “núcleo duro”, sem que isso acarrete abandono daquelas de área humanística.

Os Estados Unidos seguem de perto, na segunda posição, o que é um pouco desconfortável para quem já reinou absoluto, e percebe-se bem claramente os esforços da Índia para alcançar os postos de liderança.

Embora a marca brasileira não seja nada desprezível, pode ser melhorada com mais investimento em pesquisa e no sistema educacional como um todo. A educação brasileira, falha em muitas áreas, é particularmente superficial nos campos das ciências exatas e biológicas, dois setores preponderantes para o desenvolvimento de qualquer país; mas o ensino de ciências, para ser atrativo aos jovens, necessita escolas equipadas com laboratórios capazes de propiciar bons momentos de descobertas e surpresas, professores bem preparados e motivados para esclarecer dúvidas, além de criativos em sala de aula para a utilização das novas ferramentas pedagógicas, e com bom acervo – físico ou digital – como fonte de consulta.

Novas metodologias tem surgido, formas de abordar assuntos com o auxílio de muitas plataformas diferenciadas e potencialidade de despertar para a utilidade dos conhecimentos científicos e mesmo compreensão do mundo, de forma que o enfrentamento das futuras profissões e a constante necessidade de atualizações no mundo do trabalho não sejam tão assustadoras.

Como formar este professor, ou seja, como “formar o formador”, pois dele dependerá o estímulo aos jovens para a tecnologia, para as profissões da área da saúde, para todos os setores que estão inovando e mudando de perfil, exigindo mais adaptabilidade e domínio de habilidades disruptivas, é a questão que se apresenta às escolas.

Existe a consciência de que a formação recebida pelos futuros educadores muito raramente atende aos pressupostos mínimos que possam assegurar-lhes um desempenho satisfatório; sucessivas e bem documentadas análises já permitiram formular hipóteses cognitivas e didáticas sobre a questão, mas ainda não fomos capazes de superar o histórico distanciamento entre as instituições de ensino superior e as básicas, ou seja, as unidades de formação do professor com aquelas que ensinam crianças e jovens: o estágio supervisionado na área educacional é geralmente realizado pró-forma sem muito aproveitamento de ambas as partes. Possivelmente legado da excessiva valorização da teoria em detrimento da prática, presente na maior parte dos percursos formativos, com a exceção da Medicina e algumas outras poucas atividades profissionais dos cuidados com o outro, as atividades em campo, com casos reais, voltado à práxis, são menosprezadas e efetivadas sem grandes cuidados.

O mundo é desafiador e, embora gostássemos que fosse diferente, hostil, e ficará muito mais hostil com o período de carência de recursos financeiros e empregos consequente da atual pandemia. O melhor caminho, talvez o único, para a superação desta realidade é a ciência aplicada e o conhecimento, só proporcionados realmente pela Educação.

 

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.

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