Guilherme Ambar, diretor da Seegene
Há grande disponibilidade mundial de testes PCR para identificação do COVID-19 e uma única empresa está entregando mais de dois milhões por semana, no Brasil. O que falta são laboratórios capacitados a fazer o processamento e a análise das amostras coletadas, que só agora começam a ser montados em vários Estados.
A afirmação é de Guilherme Ambar, diretor da Seegene, ramo brasileiro da empresa coreana cujos testes foram vitais para a localização territorial dos locais onde se concentrava a transmissão dos vírus, o que permitiu que a Coreia do Sul controlasse a epidemia. Só essa empresa tem capacidade de produção de 20 milhões de testes mensais.
A Seegene entrega a cada semana lotes dos 10 milhões de testes que vendeu para o Ministério da Saúde. Processados, os testes dão em quatro horas resultado 100% confiável, pois identificam três regiões do RNA do vírus. O problema, insiste Guilherme Ambar, é que além dos LACEN, Fiocruz, do Adolfo Luz, entre outros, além dos grandes laboratórios particulares, o Brasil não conta com uma rede adequada de laboratórios nos Estados, para analisar as amostras coletadas.
“Com os laboratórios devidamente capacitados é possível fazer a testagem em massa recomendada pela Organização Mundial da Saúde”, diz Guilherme Ambar, e a prova é que em Parauapebas, no Pará, onde foi montado um laboratório, 7.000 testes foram feitos em 4 dias, o que tornou o município o primeiro a fazer a testagem em massa no Brasil.
Também em Belo Horizonte, acaba de ser instalada uma plataforma da Seegene para extração e configuração de PCR e dois equipamentos para detecção das frações do RNA do vírus.
Os engenheiros da Seegene estão trabalhando no momento na montagem dos equipamentos importados em laboratórios de vários Estados brasileiros no Centro-Oeste e Nordeste. Após o treinamento das equipes encarregadas de processar as amostras em todos os laboratórios que estão sendo capacitados, o que deve acontecer nas próximas semanas, Guilherme Ambar garante que o Brasil terá capacidade suficiente para testagem em massa como aconteceu na Coreia do Sul e na Alemanha, por exemplo.
Essa capacitação tornará desnecessário o diagnóstico indireto que, segundo a imprensa, está sendo estudado pelo governo federal e que pressupõe análise de exames de imagem, de sintomas e entrevistas para verificar se os pacientes suspeitos tiveram contato com pessoas comprovadamente infectadas.