Antonio Artequilino*
Vivemos em tempos difíceis e sabemos que após a superação da pandemia não seremos mais os mesmos. A Covid-19 ceifa vidas, impõe sofrimento e promove incertezas, mas não pode barrar o anseio humano pela liberdade. Somos livres para questionar a lógica de um sistema que prioriza o lucro em detrimento da dignidade das pessoas e devemos reivindicar a emancipação dos nossos anseios mais caros, incluindo a busca da reflexão crítica, da autonomia e do aprendizado.
Não raras vezes, para aprender temos que desaprender por meio de um processo dialético repleto de descobertas e redescobertas. Os questionamentos decorrem da atitude investigativa que consiste em desvelar continuamente o que está encoberto pelo desconhecimento. É justamente aí que devem ser incorporadas no nosso cotidiano as boas práticas de leitura. O leitor atento se investe da curiosidade para tentar explorar todas as formas de compreensão do universo cultural humano.
Somos permanentemente convidados a fazer leituras vibrantes, sedutoras, emocionantes, consistentes, edificantes, profícuas e arrebatadoras. No decorrer da leitura, o leitor estabelece um diálogo com o autor e sua obra. E onde fica a emoção? Fica na viagem sem volta rumo ao descobrimento da imaginação, da ficção, dos fatos verídicos, das ideias e do conhecimento.
Acredite, para encontrar o livro extraordinário que você ainda não leu é necessário seguir o conselho do grande escritor Ariano Suassuna: “a leitura deve deixar de ser apenas um hábito para se transformar numa paixão”. Não importa se lemos um livro didático ou uma obra literária, o extraordinário advém do entusiasmo com o qual realizamos a leitura. Portanto, a leitura magnífica, memorável, esplêndida e extraordinariamente impactante é aquela que realizamos como se fôssemos degustar uma iguaria, ouvir uma bela canção ou abraçar com saudade um ente querido.
Certamente, a leitura de bons livros pode ir muito além do entretenimento e da tentativa de compreender o pensamento dos autores na medida em que nos permite reaprender valores essenciais como a tolerância, a solidariedade, a humildade e a ousadia de transformar a realidade. Podemos nos inspirar na visão de Franz Kafka, para quem “um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós”. Enfim, a leitura de livros extraordinários nos ajuda a repensar o nosso próprio comportamento, podendo aproximar propósitos de vida e preceitos do bem comum.
O que está esperando? Corra, procure e encontre o extraordinário livro que você ainda não leu!
* Antonio Artequilino é escritor, poeta, licenciado e bacharel em História, Mestre em Educação, Doutor em Linguística Aplicada e consultor educacional da Conquista Soluções Didáticas.