Saber diferenciar as diversas doenças que atingem o coração, como a insuficiência cardíaca e aterosclerose, é um passo importante na escolha do tratamento adequado
Maior causa de mortes no mundo, as doenças cardiovasculares fazem mais de 17 milhões de vítimas a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)¹. As mais comuns são o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto. Porém, existem diversas doenças que afetam o coração e que podem ser fatais, como a insuficiência cardíaca (IC), que afeta cerca de 3 milhões de brasileiros e os leva a internações constantes². Por isso, fazer um acompanhamento com o cardiologista é fundamental, quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais chances o paciente terá de iniciar o tratamento correto antes que o problema se agrave.
Existem diversos tipos de doenças cardiovasculares, e saber diferenciá-las é um passo importante na escolha do tratamento adequado. “As doenças cardiovasculares são aquelas que envolvem o estreitamento ou bloqueio dos vasos sanguíneos, o que pode levar o paciente a um ataque cardíaco ou AVC. Porém, existem também as doenças cardíacas que afetam o músculo e o ritmo cardíaco, como é o caso da insuficiência cardíaca³”, explica o cardiologista Dr. Múcio de Oliveira, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo e Chefe da unidade hospital dia do Instituto do Coração de São Paulo (InCor).
Outra doença que atinge o coração é a cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCDC). A tripanossomíase americana, ou doença de Chagas, ocorre por meio da infecção decorrente da picada de um inseto triatomíneo, ou por via oral ou mucosa ocular4. Uma vez infectado, o paciente pode desenvolver uma miocardite aguda que evolui para uma miocardite crônica fibrosante5. “Os danos causados ao coração progridem até o paciente desenvolver a cardiomiopatia crônica da doença de Chagas. Cerca de 30% dos infectados pelo triatomíneo desenvolvem a CCDC, sendo que a morte súbita e a insuficiência cardíaca são os maiores causadores de óbito nesses pacientes5“, alerta o médico.
Dentro das doenças cardiovasculares encontramos também a aterosclerose, que ocorre quando há um bloqueio nas artérias impedindo que o sangue chegue ao coração e ao cérebro6. Oliveira explica que a aterosclerose pode causar infarto e derrame. “Como as artérias levam o sangue e oxigênio para todo o corpo, quando há uma obstrução, os tecidos sofrem com a redução de sangue que chega até ele, provocando enfraquecimento e até mesmo morte das células6. ” Esse bloqueio, geralmente, é causado pelo acúmulo de gordura nas artérias. “Os maiores fatores de risco são tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, o colesterol alto e a propensão familiar6“, diz o especialista.
Assim como a Insuficiência Cardíaca (IC), a aterosclerose e outras doenças cardiovasculares, também podem ser silenciosas. Fadiga, falta de ar, desconforto ou dor no peito são alguns dos sinais de alerta para que o paciente verifique a saúde do coração6. “Não devemos esperar até que algum sintoma apareça para procurar ajuda médica. É importante que todos façam acompanhamento com um cardiologista, especialmente aquelas pessoas que já têm histórico de doenças cardíacas, ou estão no grupo de risco, pois, muitas vezes, o paciente não sabe que o cansaço que ele sente não é causa da idade, mas um sintoma de uma doença do coração que pode e deve ser tratada”, enfatiza o Dr. Múcio de Oliveira.
ATeixeira@ipg-pr.com
Referências:
1. Cardiovascular Disease. World Health Organization. Disponível em: https://www.who.int/
2. Stevens B, Pezzullo L, Verdian L et al. The Economic Burden of Heart Diseases in Brazil. World Congress of Cardiology & Cardiovascular Health 2016 Poster code: PS023.
3. Heart Disease. Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.
4. Portal Doença de Chagas. Fiocruz. Disponível em: https://chagas.fiocruz.br/
5. Simões, Marcus Vinicius, et al. “Cardiomiopatia da doença de Chagas.” International Journal of Cardiovascular Sciences 31.2 (2018): 173-189.
6. Doença aterosclerótica. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Disponível em: https://www.coracao.org.