A demanda pelos testes que indicam a presença do vírus num organismo – RT-qPCR já cresceu mais que 50% nas últimas semanas. Apenas a identificação precisa de quem se contaminou durante as festas de fim de ano poderá impedir novo avanço da doença no Brasil, no final de janeiro, quando termina o período de incubação dos contaminados no Natal e no Ano Novo.
A afirmação é do biólogo Guilherme Ambar, que registrou forte crescimento da demanda de testes moleculares. Ele diz que embora as pessoas estejam preocupadas com a data em que começará a vacinação, a prioridade atual continua sendo a testagem. “Consciente desse problema, tanto o Governo conseguiu a prorrogação da validade dos testes em estoque, como a rede privada aumentou as demandas por testes moleculares”.
O problema, diz Guilherme, que é CEO da Seegene do Brasil, é que durante as festividades de fim de ano milhões de pessoas correram risco efetivo de contaminação nas reuniões de família e nos réveillons em clubes e bares, embora sua realização tenha sido fortemente desaconselhada.
“Sabemos hoje que mesmo antes dos primeiros sintomas, uma pessoa contaminada pode estar transmitindo”, diz ele, “e como o tempo de incubação pode ser de até duas semanas, alguém assintomático pode repassar o vírus a dezenas de pessoas, antes que perceba que está com a COVID 19.
Para evitar a elevação do número de casos a um patamar ainda mais alto como ocorreu nos EUA, por exemplo, será preciso que quem sabe que correu risco de se contaminar faça o teste, não para identificar presença de anticorpos, mas sim do vírus ativo e faça a opção pelo isolamento.
Para o biólogo que, como representante da produtora coreana de testes acompanhou a testagem em massa feita no país asiático, os efeitos benéficos da vacina só serão sentidos no final de 2022 talvez depois, no Brasil.
“Há muita gente, inclusive economistas, acreditando que começando a vacinação a vida voltará ao normal”, diz o biólogo, mas não é verdade. O Brasil tem 209 milhões de habitantes e vacinar toda essa população é um desafio muito maior do que vacinar nos países europeus, todos eles com muito menos habitantes.
Além do imenso problema logístico de vacinar – e não se sabe ainda com qual vacina nem quando, há o complicador da necessidade de aplicar duas doses. Mesmo depois da segunda dose, o organismo humano levará vários dias, pelo que sabemos, para produzir os anticorpos e desenvolver a imunidade. “Até lá e até que se descubra um tratamento rápido e eficaz para combater a COVID-19, a arma com que contamos continuará sendo testar e lutar para bloquear a transmissão”, conclui o especialista.