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Estudo e saúde / Por Wanda Camargo

A pandemia trouxe um aumento significativo do adoecimento mental em todo o mundo, e isto aparece inicialmente com sintomas dos transtornos mentais comuns, chamados de TMC, que abrangem insônia, fadiga, esquecimentos inexplicáveis de coisas importantes ou até corriqueiras, diminuição de concentração, dificuldade na tomada de decisões, irritabilidade e queixas de dores corporais que muitas vezes representam apenas somatizações das sensações de inutilidade ou medo do futuro.

Inúmeras pesquisas tem revelado que a população universitária, principalmente na área de saúde, se encontra altamente vulnerável, não exclusivamente ao TMC, como também ao estresse, pois a formação representa exposição a uma situação longa de fatores estressores, principalmente de expectativas comunitárias em momentos dos profissionais em linha de frente no tratamento à intensificação de muitas doenças e superlotação de hospitais, UPAs e postos de saúde, com diversas consequências físicas e psicológicas.

Autoestima é importante na prevenção de adoecimentos, por atuar como protetor no combate ao esgotamento, e alunos de cursos universitários do último ano da área da saúde, assim como em menor grau todos das mais diversas áreas que irão adentrar ao mundo do trabalho, estão submetidos a aflições, temores e dúvidas quanto ao futuro, mormente num país onde a gestão governamental está extremamente deficiente. Aumentar o amor próprio, o orgulho de ser brasileiro, de trabalhar e morar numa certa região e colaborar para seu desenvolvimento é essencial para a definição da personalidade profissional de todo estudante.

Já de muito tempo trabalhava-se, dentro de escolas de nível superior, os riscos e vulnerabilidades em saúde mental inerentes a dificuldades da vivência acadêmica, e muitas instituições de ensino já atentavam para a necessária atenção psicossocial que aliasse o protagonismo estudantil e as demandas individuais ao sofrimento.

Uma certa angústia é inerente à subjetividade humana, e em comunidades carentes de inclusão social, com pouco ou nenhum desenvolvimento da correta cidadania, a aflição representa um desafio à autonomia do jovem adulto. Adaptar o modo de vida individual e coletivo, autoimagem individual e grupal, o desenvolvimento nas relações interpessoais – confiança, entrosamento e vínculo -, podem significar melhoria e alívio emocional, maior capital social e capacidade de lidar com as dificuldades próprias da vivência acadêmica.

A própria faixa etária desses jovens favorece, por representar de forma geral o início da vida, que haja preocupação com o foco positivo, para o desenvolvimento de forças psicológicas e construção de alicerces para uma vida saudável e a promoção da saúde mudando as pessoas de estados mais pobres de funcionamento para um estado sustentável de prazer existencial.

É preciso entender que a doença mental é uma realidade muito evidente a nível mundial, e que a prevalência de depressão aumenta consideravelmente, sendo hoje uma grande causa de incapacidade laboral. Estima-se que, aos 18 anos de idade, 20% dos adolescentes apresentarão um caso de depressão, sendo de especial importância estudar a saúde mental e promover o bem-estar desta população, para permitir mais empreendedorismo e inovação no país.

Embora a saúde mental e a doença mental não sejam extremidades opostas de um único conceito, elas estão correlacionadas, e com certeza ganhos em saúde mental diminuem a probabilidade de incidência de doença mental, e vice-versa.

Não tem sido fácil manter equilíbrio e sanidade no atual cenário brasileiro, muitos conflitos reais ou criados para “bombar” nas redes, muito estímulo à rebeldia ou desprezo pela realidade, negacionismos vários e um clima generalizado de derrota. Mas passará, tudo passará e é importante manter a cabeça levantada, a dignidade intacta e a esperança viva, sempre.

 

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.

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