A era dos naturais: cirurgias de explante de silicone crescem no país

Índice vai na contramão dos dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; nos Estados Unidos, a técnica registra crescimento de 15%

A era dos naturais: cirurgias de explante de silicone crescem no país
Próteses explantadas em bloco: remoção do implante dentro da cápsula formada pelo corpo.

O implante de silicone é a cirurgia estética mais realizada no Brasil e no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A SBCP ainda não tem dados sobre as cirurgias de explante no país, porém, segundo a Sociedade Americana de Cirurgia (ASAPS) houve um crescimento de 15% nesse procedimento nos Estados Unidos, de 2018 para 2019.

O médico cirurgião plástico Bruno Legnani registrou em seu consultório um aumento de 80% na busca pelo explante nos últimos seis meses. “A busca pelo procedimento se dá, muitas vezes, pela paciente ter uma visão estética diferente de si mesmo da época que fez a cirurgia. Algumas relacionam também sintomas como olhos secos, perda de memória, enxaqueca, fadiga extrema, falta de ar, dor muscular e desenvolvimento de doenças autoimunes com o uso das próteses”, explica o médico.

Legnani lembra que os sintomas podem ou não estar relacionados com as próteses. “Têm pacientes que sentem grande melhora após o explante e outras continuam com os sintomas”, explica. Por isso, o médico alerta para a importância de manter os exames em dia e investigar possíveis causas para esses sintomas.

Em nota emitida em fevereiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica explica que existem dois problemas relacionados aos implantes. Um é a síndrome de ASIA (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante), que consiste no desenvolvimento de doenças autoimunes como resultado de exposição a adjuvantes – que podem ser vacinas, implantes de silicone ou outros fatores. “Ela pode incidir em pessoas com predisposição genética a doenças autoimunes e o silicone ser o fator de desenvolvimento da doença”, explica.

Outra é a Breast Implant Illnes (BII), conhecida pela doença do silicone: um conjunto de sintomas sistêmicos auto-reportados por pacientes que apresentam implante de silicone (sintomas inflamatórios, articulações, pele, fadiga, alterações visuais, depressão entre centenas de outros). Porém, a SBPC afirma que não existem exames para diagnosticar a BII e dados científicos não permitem concluir relação direta do BII com implantes de silicone.

Os implantes de mama não são eternos e a indicação é um acompanhamento médico periódico. “Em média, as pacientes ficam por 10 anos com a prótese antes da necessidade de troca ou explante, mas há casos de próteses com mais de 20 anos no organismo”, explica. As indicações para troca ou explante podem ser a contratura capsular, seroma tardio, mastite, processo autoimune (ASIA) ou ainda desenvolvimento de Linfoma da cápsula dos implantes (ALCL).

A cirurgia do explante, muitas vezes, pode ser acompanhada da mastopexia – lifting ou elevação das mamas. “Com o passar do tempo, acontece a queda natural das mamas e, no explante, ainda existe a falta do silicone que preenche o seio, por isso grande parte dos procedimentos são acompanhados da mastopexia. “É possível também fazer o preenchimento do seio com a lipoenxertia – cirurgia plástica que usa a gordura do próprio paciente para remodelar uma região do corpo ou preencher áreas que sofreram perda de volume”, explica.

O médico lembra que manter os exames em dia e consultar o cirurgião plástico anualmente é essencial para acompanhar a qualidade das próteses. “Toda cirurgia deve ser realizada dentro de um hospital, por um cirurgião plástico registrado na Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (ABCP)”, finaliza.

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