Ocorrendo em cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva, a Síndrome dos Ovários Policisticos figura entre uma das principais causas de infertilidade no mundo, além de poder favorecer o surgimento de cravos e espinhas.
A acne é especialmente comum na adolescência devido aos hormônios a flor da pele. Mas engana-se quem acredita que apenas o público jovem sofre com o problema, pois, além dos hormônios, uma série de outros fatores podem levar ao surgimento de cravos e espinhas. Não é incomum, por exemplo que a acne seja, na verdade, apenas um sintoma de uma outra doença pré-existente, como a Síndrome dos Ovários Policísticos. “Afetando em média 15% das mulheres em idade reprodutiva e figurando entre uma das principais causas de infertilidade no mundo, a Síndrome dos Ovários Poliscticos é caracterizada por uma interferência no processo ovulatório causada por desequilíbrios hormonais, o que faz com que os cistos, que deveriam surgir e desaparecer a cada ciclo, permaneçam no interior dos ovários e modifiquem sua estrutura”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU Saúde.
Ainda sem causa definida, mas estando relacionada a fatores como genética e estilo de vida, a Síndrome dos Ovários Policístico geralmente pode ser identificada pelo surgimento de sintomas como atraso na menstruação, resistência insulínica, inflamação, altos níveis de testosterona, ganho de peso, crescimento de pelos no corpo e acne. “A acne causada pela SOP surge devido ao aumento dos níveis de hormônios masculinos, que estimulam a produção de oleosidade pelas glândulas sebáceas, favorecendo assim a obstrução dos poros com consequente surgimento de cravos e espinhas”, afirma o Dr. Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica GRU Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. E, por tratar-se de um sintoma de uma doença pré-existente, não adianta apenas investir no tratamento da acne, já que o problema provavelmente voltará. O ideal então é realizar um tratamento multidisciplinar com um dermatologista, para solucionar o quadro acneico, e um ginecologista, que poderá tratar a SOP propriamente dita. “Além de resolver a acne, o tratamento da SOP também é fundamental para prevenir a evolução da condição para complicações mais sérias, como câncer do endométrio”, alerta a Dra Eloisa.
De acordo com a ginecologista, o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos combina a mudança no estilo de vida, com a adoção de uma alimentação balanceada acompanhada da prática regular de exercícios, com a terapia medicamentosa, que visa controlar os sintomas e as complicações da doença. “No geral, são receitadas pílulas anticoncepcionais para regularizar o ciclo menstrual, medicamentos para reverter o quadro de infertilidade e indutores de menstruação para auxiliar a ovulação, além de hipoglicemiantes caso haja necessidade de controlar a resistência insulínica”, diz a Dra Eloisa Pinho. Já a acne, segundo o Dr Daniel, é comumente amenizada durante o tratamento da SOP devido ao uso das pílulas anticoncepcionais, que são capazes de reduzir os níveis de hormônios masculinos. Mas, apesar disso, o problema também deve ser tratado topicamente através da rotina skincare. “É fundamental que a higienização da pele seja realizada com sabonetes líquidos formulados com ativos seborreguladores, como ácido salicílico e glicólico. O uso de um hidratante em gel ou sérum rico em ativos que controlem a oleosidade e reduzam a inflamação também é indispensável. Além disso, o médico poderá recomendar secativos para o tratamento de áreas específicas e, em casos mais graves, medicamentos orais como a isotretinoína e antibióticos”, aconselha o dermatologista.
No entanto, é importante ressaltar que não é porque você começou a apresentar acne após a adolescência que, necessariamente, sofre com Síndrome dos Ovários Policísticos. Uma série de outros fatores também podem favorecer o surgimento de cravos e espinhas na fase adulta mesmo que você não tenha apresentando o problema quando era mais jovem. “Apesar de geralmente estar relacionada a alterações hormonais, a acne na fase adulta também pode surgir por fatores como estresse, obesidade e genética e, principalmente, uma alimentação desbalanceada e rica em açúcar e gorduras. Por isso, o mais importante ao notar acne persistente é consultar um dermatologista, que poderá realizar uma avaliação e recomendar o melhor tratamento para o seu caso”, finaliza o Dr Daniel Cassiano.
FONTES:
*DRA. ELOISA PINHO – Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria Pinho.
*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica. (Holding)
