Prevenção e tratamento da doença são essências, especialmente por ela oferecer mais riscos à complicações causadas pela COVID-19
Mais de 13 milhões de brasileiros vivem com diabetes, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). No mundo, são mais de 250 milhões de pessoas. E esse número tende a aumentar. No Brasil, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que incluem o diabetes, são responsáveis por mais de 70% das mortes.
O endocrinologista especialista em diabetes e diretor médico da Unimed Laboratório, Mauro Scharf, explica que a doença é causada pela produção insuficiente ou pela resistência à ação da insulina – hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo – e pode afetar tanto adultos quanto crianças. “O tipo 1, autoimune, ainda não tem cura, mas tem controle e ferramentas cada vez melhores para garantir uma excelente qualidade de vida ao paciente. No caso das crianças, existem fatores genéticos e ambientais que podem desencadear uma resposta imunológica, gerando a doença. Já o diabetes tipo 2 , mais comum no idoso, está diretamente relacionado à predisposição genética e também ao sedentarismo e à obesidade – o sobrepeso traz resistência à insulina que, a longo prazo, pode desencadear a doença”, explica.
Fatores de risco
Ele lembra que a obesidade é um dos principais fatores de risco dessa doença no tipo 2, sendo que a mudança para hábitos alimentares para uma dieta rica em fibras, vegetais e alimentos integrais, bem como diminuir o consumo de açúcar, gordura e alimentos ricos em carboidratos em geral , contribuem para a prevenção e o tratamento da doença. Além da obesidade, outros fatores que influenciam na incidência da diabetes são o histórico familiar e a idade avançada. A pratica de atividade física é um dos pilares para a prevenção e também para o tratamento.
Scharf destaca que é essencial prevenir, pois o diabetes oferece complicações, como cegueira, insuficiência renal, perda de sensibilidade nas mãos e pés, amputação, úlceras, AVC e infarto do miocárdio. Apesar de assustar por conta da gravidade dessas consequências, é possível evitar, prevenir ou retardar essas complicações, assim como o próprio diabetes tipo 2,ao adotarmos um estilo de vida saudável, alimentação e atividade física regular. O diagnóstico pode ser obtido pelo exame de glicemia. “Um simples exame de sangue pode revelar se você tem diabetes. A triagem inclusive, com uma gotinha de sangue e três minutos de espera, já é possível saber se há alguma alteração na taxa de glicemia. Caso a alteração seja considerável, será necessária a realização de outros exames, mais aprofundados, e requisitados por um médico”.
COVID-19 e controle glicêmico
Uma das coisas mais importantes é controlar o nível de glicose no sangue para evitar complicações. A medição pode ser feita por meio de um monitor de glicemia ou por meio de sensores de glicose. Os dois tipos de aparelho podem ser adquiridos e usados com orientação médica e da equipe multidisciplinar. “É importante lembrar que a pandemia provocada pelo novo coronavírus coloca todos – não só os diabéticos – em estado de alerta e, consequentemente, cuidado. Pacientes com diabetes, por exemplo, aparecem como mais suscetíveis às possíveis complicações causadas pela COVID-19 especialmente quando apresentam idade mais avançada ou presença de outras doenças associadas ao diabetes. O controle da glicemia é a ‘chave do sucesso’ para evitar demais complicações causadas por este e por outros vírus”.
O risco pode ser muito menor e quase igual ao das pessoas sem diabetes se os níveis de açúcar no sangue estiverem controlados, ou seja, é fundamental que haja o monitoramento frequente da glicemia e a manutenção do tratamento prescrito pelo médico que acompanha o paciente. “No caso do novo coronavírus, o paciente que monitora a glicemia, faz uso adequado da medicação oral e/ou insulina, tem uma alimentação equilibrada e faz exercícios físicos (ainda que em casa), tende a ter menos riscos à sua saúde do que aqueles pacientes sem o controle adequado da doença, ou com a presença de outras comorbidades”, completa.
Prevenção
A prevenção passa pela adoção de um estilo de vida saudável com mudanças na alimentação, combate ao sedentarismo e boas noites de sono. Algumas medidas podem ser adotadas, reduzindo o risco da doença ou a velocidade com a qual ela se desenvolve.
Confira algumas dicas selecionadas pelo endocrinologista:
- Adote uma dieta equilibrada, com alimentos ricos em fibras, vitaminas e sais minerais, como verduras, legumes e frutas, além de fontes de proteínas magras, como aves, peixes e carne vermelha com pouca gordura. Evite o consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos processados, como farinha branca, doces e refrigerantes, e dar preferência aos cereais integrais.
- Controle o peso e evite álcool e o tabaco. O controle do peso é essencial, bem como hábitos que favoreçam à saúde. Além de altamente calórico e propiciarem o aumento de peso, o consumo de álcool eleva o risco para essa e outras doenças, incluindo hipertensão e problemas cardiovasculares. O cigarro aumenta o risco de diversas outras doenças que se associam ao diabetes, aumentando sua gravidade.
- Realize exercícios físicos regularmente, pois de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 27% dos casos de diabetes são causados pela falta de atividade física. Vale lembrar que o sedentarismo favorece fatores como obesidade, hipertensão e desequilíbrio no colesterol, que também contribuem para o desenvolvimento do diabetes.
- Durma bem para recuperar as energias e prevenir o diabetes. Estudos da Universidade de Harvard apontam que noites de sono mais curtas ou mais longas do que o intervalo de sete ou oito horas favorecem o desenvolvimento da doença. Uma hora a menos de sono aumenta o risco de diabetes tipo 2 em 9%, enquanto uma hora a mais leva a um aumento de 14%.
- Faça um ckeck up regularmente. O diabetes é, muitas vezes, silencioso, mas descoberto em exames de rotina, solicitados por médicos especialistas.