Dia 4 de março é o Dia Mundial da Obesidade. “Cuidar de todas as formas” foi o tema escolhido este ano para levar ao público informações sobre essa doença que merece respeito e cuidado.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE e divulgada em outubro de 2020, 60,3% da população adulta do Brasil está acima do peso. A obesidade entre pessoas com mais de 20 anos mais que dobrou entre 2002 e 2019. O problema também atinge em cheio crianças e adolescentes: a cada 3 crianças e adolescentes no Brasil, 1 está acima do peso. Em Curitiba, o problema afeta 16% da população, segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2018, do Ministério da Saúde.
Para a endocrinologista e presidente da SBEM-PR, Dra. Maria Augusta Karas Zella, além da pandemia do coronavírus, vivemos uma pandemia por vezes silenciosa, e que muitos ainda não tratam como doença grave.
“A obesidade é uma doença crônica e precisa de tratamento. Infelizmente, a pandemia do novo coronavírus nos trouxe um cenário preocupante: o vírus parou o mundo, empresas, famílias, e claro, as pessoas. A pandemia agravou o ambiente obesogênico que vivemos há muitos anos”, comentou a endócrino.
Em 2013, a Associação Médica Americana (AMA), a maior entidade do gênero dos Estados Unidos e uma das mais influentes do mundo, reconheceu a obesidade como uma doença crônica e complexa que requer atenção médica e que também favorece o surgimento de outras doenças.
Obesidade e Covid-19
Pessoas com obesidade correm mais risco de desenvolver as formas graves da Covid-19, justamente pelo estado de inflamação causado pela própria obesidade no organismo, bem como a presença de outros fatores de risco, como diabetes e doenças cardíacas, entre outros.
Para a doutora Maria Augusta, é preciso conscientizar a população de que a prevenção da obesidade começa com pequenas atitudes no nosso dia a dia.
“Não existe obeso saudável. Para combater a obesidade, temos que fazer o combate ao sedentarismo, estar sempre ativos e associar um plano alimentar saudável. Infelizmente, a pandemia do novo coronavírus nos trouxe um cenário preocupante, onde mais pessoas estão paradas, sem a prática nenhuma de atividade física. Mesmo assim, precisamos nos esforçar com pequenas ações no dia a dia. Trocar o carro pela bicicleta, fazer mais caminhada – sempre com máscara e mantendo o distanciamento social, ficar menos nas ‘telas’, e ter maior consciência nas escolhas dos alimentos, ou seja, pequenas mudanças diárias que ajudam e muito no combate à doença. Desembalar menos, descascar mais”, ressaltou.
Causas da obesidade
O excesso de peso pode estar ligado à genética, à má alimentação ou, por exemplo, a disfunções endócrinas. Por isso, antes de qualquer método para a perda de peso, é importante consultar um médico endocrinologista.
“A consulta médica é fundamental para que o tratamento seja individualizado com a segurança necessária A obesidade pode se apresentar de muitas formas. Cada paciente carrega consigo um conjunto de diferentes fatores que promovem o ganho e dificultam a perda de peso. Sabemos também que a resposta de cada paciente a diferentes formas de tratamento é muito variável: alguns respondem bem à dieta e atividade física e outros não. Para cada medicamento (e até para a cirurgia) também são esperadas diferentes respostas quanto à perda de peso, e prever a reação de cada indivíduo não é uma tarefa fácil”, acrescentou a especialista.
O tratamento de maior eficácia se faz com equipe multidisciplinar incluindo, além do médico endocrinologista, o educador físico, psicólogo e o nutricionista.
Consequências
A obesidade é uma doença que merece ser tratada com respeito por estar frequentemente associada a outras doenças crônicas, como o diabetes, a hipertensão arterial, a artrose e até alguns tipos de câncer.
“Por isso”, alerta a endocrinologista, “é de fundamental importância conscientizar o paciente sobre as implicações da doença na saúde dele”.
Tratamento
O tratamento para a obesidade deve ser feito de maneira multidisciplinar, conhecendo sempre o histórico do paciente e fazendo as mudanças necessárias na rotina dele.
Segundo a Dra. Maria Augusta, a obesidade não tem uma única causa e também não tem um só tratamento nem cura, é uma doença crônica. Mas há diversos pontos que podem ser modificados, a começar pela alimentação.
“É preciso resgatar a amizade com o alimento, dando tempo, atenção e a devida importância que ele tem. Menos tela para as crianças, mais brincadeiras ao ar livre. Vida é movimento”, resumiu a especialista.
Campanha 2021
A campanha deste ano tem como tema “Cuidar de todas as formas“, e é promovida pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Devido à pandemia, as ações de conscientização serão todas online.
Acompanhe: @sbempr / @sbemnacional / @abeso_evidenciasemobesidade /