Saiba quando é o melhor momento para falar sobre educação sexual com sua filha

Ginecologista explica quando o tema educação sexual deve ser inserido na conversa dos pais com a filha e o momento ideal para levá-la à primeira consulta ginecológica

Saiba quando é o melhor momento para falar sobre educação sexual com sua filhaNão há dúvidas de que a educação sexual pode eliminar angústias de adolescentes e fornecer informações importantes para a saúde mental, mas você sabe exatamente quando introduzir o assunto com sua filha? “A sexualidade deve ser abordada em cada idade com vocabulário próprio e de uma forma que não intimide a conversa. Quando for dirigida para as meninas, o ideal é que mostremos desde cedo que existem alterações físicas, ou melhor, sequências que informam que nosso corpo tem amadurecido e pode, com isso, ser capaz da procriação, quando for a melhor hora. É necessário sempre ressaltar que, por mais que seja capaz de gestar, ela não possui ainda todos os requisitos para o desenvolvimento físico perfeito para outro ser na adolescência”, explica Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica Gru Saúde. “Assim, qualificamos esta capacidade ainda como deficiente, desencorajando o sexo precoce bem como gestação na adolescência. É muito importante reforçarmos a possibilidade de doenças e se possível, associar com algum quadro atual. Por exemplo, agora com a pandemia do Coronavírus podemos enfatizar que vírus são traiçoeiros, entram no corpo e podem ficar escondidos por muitos anos causando doenças depois de muito tempo e que, às vezes, nem o próprio portador se reconhece como transmissor por ainda não manifestar a doença”, completa a médica.

Segundo a ginecologista, a sexualidade deve ser trabalhada com a criança desde a puberdade para que seja orientada e não tenha receios de abordar o tema com a família. “Porém, é muito importante que seja sempre ressaltado a importância da inviolabilidade do corpo da criança para que ela tenha noção dos limites que o outro pode agir, visto que existem muitos abusos e riscos independentemente da idade. A família deve estar sempre atenta e observar para proteger a integridade física da criança”, diz a ginecologista. Isso é importante, inclusive, para evitar abusos, uma vez que crianças podem sofrer violações genitais por parentes e conhecidos, por isso esse vínculo de abertura sobre o assunto deve vir desde os primórdios. “Isso é um trabalho difícil e delicado, pois exige que a família tenha esta orientação e percepção”, afirma a médica.

Como a educação sexual é um trabalho conjunto da sociedade, ela deve ser ressaltada em casa, nos meios de comunicação e também com o médico. “Abordar o tema, de uma forma clara pode impedir abusos cometidos com crianças e adolescentes. A responsabilidade social desta educação é imensa, e apesar de ser morosa, por necessitar várias etapas e formas diferentes de abordagem, deve ser sempre discutida”, diz a ginecologista. “Não existe quem começa ou ‘fala’ melhor sobre o tema. Há sim um conjunto integrado que se for trabalhado da forma correta, protegerá muita violência ainda velada entre as famílias”, completa.

Com relação à primeira consulta ginecológica, a visita ao médico ginecologista deve acontecer na menarca, ou seja, na primeira menstruação. “Porém, caso a mãe perceba alterações ginecológicas na criança, mesmo ainda que não tenha iniciado a puberdade (aparecimento de mamas e pelos por exemplo), ela pode levar a criança ao ginecologista. Há casos de crianças com fechamento dos lábios vulvares, ausência de perviedade (permeabilidade) do introito vaginal, secreções vaginais patológicas, puberdade precoce e, nestes casos, a criança pode ser avaliada conjuntamente pelo ginecologista”, finaliza a médica.

FONTE: *DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria. (Holding)