Não importa se o seu filho tem quatro anos, sete, dez ou 15, as crianças são uma fonte inesgotável de pedidos e exigências.

Fabio Carneiro*

Não importa se o seu filho tem quatro anos, sete, dez ou 15, as crianças são uma fonte inesgotável de pedidos e exigências. A geração conectada se acostumou com esse formato, pois o acesso imediato às informações é uma realidade. Parece que, para ela, a expectativa do imediatismo veio para ficar. Quando não é atendida, também sabe reivindicar, a birra, choro, reclamações e, algumas vezes, até a guerra psicológica entra em cena. Toda essa encenação ganha uma roupagem de patologia e o próximo passo é atender às vontades e, então, começa a procura pelo diagnóstico de ansiedade, T.D.A.H., dislexia, angústia, infelicidade e até superdotação e, por fim, terminamos com as buscas por psicólogos e psiquiatras – esse parece um roteiro comum na vida de algumas famílias.

Muitos adultos lutaram para conquistar um bom emprego e o respeito no mercado de trabalho e todos são unânimes em afirmar que isso leva tempo, dedicação, muita paciência, tropeços e inúmeras frustrações. Se tem uma palavra que não combina com tudo isso é imediatismo. Grandes conquistas exigem grandes esforços, mas, na hora de educar os filhos, a teoria é uma, mas a prática é outra. Chegará o momento em que nossos filhos estarão no mercado de trabalho e encontrarão essa realidade, mas será que eles estarão realmente preparados?

Atender ao imediatismo dos filhos definitivamente não é uma receita que simule o mundo real, mas controlarmos isso é algo que vai de encontro ao futuro deles. Com a dura rotina de trabalho e a pandemia para agravar, os pais têm que (literalmente) se virar para atender às demandas e assim, o uso da tecnologia virou uma excelente aliada, pois funciona como um “deixe o papai trabalhar”. Mas a contrapartida é que ela reforça o imediatismo e voltamos a entrar em rota de colisão com o mundo real. Então, é possível corrigir essa rota?

Sim, quando se trata da criação dos filhos, a carga emocional é muito presente e isso faz com que os pais cedam às vontades dos filhos de forma imediata em troca de um pouco de sossego, tranquilidade, um momento para conferir as novidades das redes sociais ou até pela necessidade de trabalhar. Parece que, em relação aos filhos, as palavras discordar, proibir, frustrar, que são tão presentes no mundo real, não podem estar presentes no mundo dos filhos. Não temos que dar às crianças o que elas querem, mas sim o que elas precisam – e os pais, como detentores do conhecimento dessa realidade no mundo real, têm que ser protagonistas e executar.

Nossa casa é um laboratório. Ali acontecem, guardadas as devidas proporções, situações que devemos tirar proveito e “treinarmos” os nossos filhos para o mundo real. Frustração, paciência, estudo e dedicação podem ser aplicados em casa para mostrarmos a realidade do mundo. Sim, dá muito trabalho. Mesmo que queiramos os nossos filhos sempre próximos, os criamos para saírem ao mundo e, mesmo que isso seja paradoxal, queremos que eles sigam a vida de forma independente, fortes, decididos e habilitados a enfrentarem essa selva de pedra que nos cerca. Devemos mostrar aos nossos filhos, de forma carinhosa, o que a vida mais cedo ou mais tarde mostrará, mas de forma bem mais árdua.

*Fabio Carneiro é professor de Física no Curso Positivo.

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