Teste não invasivo de reserva ovariana está mais próximo após os resultados de um estudo, apresentado na reunião da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, que mostra que a medição de um hormônio da fertilidade pode ser feita com precisão em uma amostra de cabelo humano.
As mulheres que desejam saber como estão suas reservas ovarianas podem, em um futuro próximo, fazer um teste de cabelo para revelar seus níveis hormonais. “Uma substância química sinalizadora relacionada à fertilidade feminina, chamada de hormônio anti-Mülleriano (AMH), é incorporada aos fios de cabelo enquanto eles ainda estão sob a pele. Um estudo mostrou que testar o cabelo pode dar uma indicação melhor da fertilidade do que os testes de sangue atuais”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. O trabalho foi apresentado na última reunião virtual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, o hormônio anti-Mulleriano – ou AMH – tornou-se um marcador-chave na avaliação de como as mulheres podem responder ao tratamento de fertilidade. “O hormônio é produzido por pequenas células ao redor de cada óvulo à medida que ele se desenvolve no ovário e, portanto, é visto como uma medida da reserva ovariana. Embora os estudos não tenham correlacionado os níveis de AMH com uma chance confiável de nascimento (nem com a previsão do tempo da menopausa), a medição de AMH se tornou um marcador intrínseco na avaliação de como uma paciente responderá à estimulação ovariana para fertilização in vitro: se responderá normalmente, com poucos óvulos ou como super-resposta (com muitos óvulos e risco de síndrome de hiperestimulação ovariana)”, explica o médico. Ou seja, para mulheres que tentarão a Fertilização In Vitro, esse novo método pode prever quais mulheres têm probabilidade de responder bem ou mal à estimulação de seus ovários, de acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
O AMH é liberado por óvulos nos ovários, cujo número diminui com a idade. “Os níveis de AMH no sangue estão amplamente correlacionados com a quantidade de óvulos que uma mulher deixou e, portanto, quanto tempo levará até que ela deixe de ser fértil. Algumas empresas oferecem exames de sangue AMH para qualquer mulher que esteja tentando engravidar, mas sempre alertamos que, para a população em geral, esse não é um bom indicador da probabilidade de alguém engravidar”, diz o médico.
No futuro, as mulheres poderão enviar uma amostra de cabelo para teste, em vez de obter uma amostra de sangue. Segundo o estudo, em um grupo de 152 mulheres com idade entre 18 e 65 anos, os níveis de AMH no cabelo se correlacionaram com os níveis em seu sangue e com o número de óvulos presentes em seus ovários, conforme visto por uma ultrassonografia – mas os níveis do hormônio no cabelo acompanharam a idade melhor do que no sangue, sugerindo que o teste de cabelo pode ser mais preciso.
Os níveis hormonais no cabelo podem ser um indicador melhor dos níveis sanguíneos em médio e longo prazos do que uma amostra de sangue única, diz o especialista. “O cabelo é um meio que pode acumular biomarcadores ao longo de várias semanas, enquanto os níveis de hormônio no sangue podem flutuar rapidamente em resposta a estímulos. Uma medição usando uma amostra de cabelo tem mais probabilidade de refletir os níveis hormonais médios de um indivíduo”, explica o Dr. Rodrigo. Entre as outras vantagens de um teste de cabelo, os autores do estudo observam que os níveis hormonais são avaliados de forma não invasiva, o que reduz o estresse do teste e oferece um ensaio menos caro. “O teste pode ser feito sem a visita na clínica e, portanto, torna esse tipo de teste disponível para uma gama mais ampla de mulheres”, finaliza o especialista.
FONTE: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
LINK do estudo: https://www.eshre.eu/