Apesar dos números negativos de janeiro e fevereiro, resultado da segunda onda da Covid-19, os três meses tiveram a abertura de 5.387 vagas de emprego. Uma em cada quatro internações no período foi para tratar o coronavírus: alta de quase 270% em relação ao ano passado
O setor de produtos para a saúde voltou a sofrer com a segunda onda da Covid-19, no Brasil, com novos cancelamentos de procedimentos e cirurgias eletivas nos meses de janeiro e fevereiro. Mas em março houve uma retomada das atividades, que impulsionou o segmento. O Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS), que acaba de ser concluído, revela alta de 5,6% no consumo aparente – produção nacional somada ao total das importações do período, descontadas as exportações – de produtos para a saúde, no primeiro trimestre, em relação ao mesmo a 2020.
“O ano começou com um novo susto, queda de 39,9% nas cirurgias no SUS e redução de 33,8% nas internações hospitalares para tratamentos e diagnósticos, na comparação com o ano anterior. A produção doméstica de instrumentos e materiais para uso médico e odontológico e artigos ópticos caiu 4,7%. Houve queda também nas exportações, que recuaram 10,2%. Por outro lado, as importações foram 14,4% maiores do que o primeiro trimestre de 2020, mostrando retomada das transações com produtos na área da saúde”, analisa o diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes.
O índice de emprego registrou alta de 3,8%, nos três primeiros meses do ano, sinalizando para uma recuperação. Foram abertas 5.387 vagas nas atividades industriais e comerciais do setor de produtos para a saúde, totalizando o contingente de 147.439 trabalhadores, número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica.
Cancelamento de cirurgias, procedimentos e exames
No primeiro trimestre, as internações para realizações de cirurgias no SUS caíram 39,9%, para a disponibilização de leitos para o enfrentamento da segunda onda da Covid-19. Foram realizadas cerca de 698,9 mil cirurgias, entre janeiro a março, ante 1,1 milhão do mesmo período de 2020. Os segmentos mais prejudicados foram bucomaxilofacial; vias aéreas superiores, da face, da cabeça e pescoço; e sistema nervoso central e periférico.
Já as internações hospitalares no SUS para tratamentos e diagnósticos tiveram redução de 33,8%. Foram realizadas, no período, cerca de 1,9 milhão de internações, contra 2,9 milhões no mesmo período de 2020. As internações para o tratamento da Covid-19 representaram 25% do total, uma alta de 268,9% em relação a janeiro, fevereiro e março do ano passado.
Os exames tiveram queda de 8,2%. Foram realizados cerca de 209,5 milhões, ante 228,3 milhões registrados nos três primeiros meses de 2020. A alta mais expressiva foi nos exames de diagnósticos em vigilância epidemiológica e ambiental (233%).
“O segmento ‘Dispositivos médicos implantáveis’ foi o que mais se ressentiu dos cancelamentos nos procedimentos e retraiu 8,8%, no primeiro trimestre. ‘Materiais e equipamentos para a saúde’ mostrou indícios de recuperação, com crescimento de 2,7%. Já ‘Reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro’ registrou forte alta (97,8%), resultado da demanda de testagem para Covid-19”, analisa José Márcio Cerqueira Gomes.
O Boletim Econômico ABIIS é desenvolvido pela Websetorial Consultoria Econômica.