inclusão do esporte coletivo duas vezes por semana na rotina de um grupo de mulheres na pós-menopausa representou um risco 40% menor de morte por ataque cardíaco, segundo estudo publicado em outubro no American Journal of Physiology
Na menopausa e depois dela, muitas mulheres sofrem com pressão alta e função vascular prejudicada, e um novo estudo, publicado em outubro no American Journal of Physiology, afirma que o esporte coletivo pode melhorar essas questões circulatórias e beneficiar a saúde da mulher. A perda do hormônio estrogênio associada à transição para a menopausa aumenta o risco das mulheres de desenvolver doenças cardiovasculares e reduz sua capacidade de se beneficiar do tratamento. “Como o hormônio estrogênio é um protetor do coração, já que estimula a dilatação dos vasos e facilita o fluxo sanguíneo, a sua diminuição na menopausa aumenta o risco do desenvolvimento de algumas doenças, como as cardiovasculares”, afirma a ginecologista Dra. Eloisa Pinho, da clínica GRU. Dessa forma, com o tempo, as mulheres na pós-menopausa exibirão uma pontuação de risco de doença cardiovascular semelhante às dos homens. “Mas o esporte coletivo neutraliza com eficácia esses problemas, mesmo se for realizado apenas duas vezes por semana”, afirma a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e do American College of Lifestyle Medicine.
No estudo, um grupo de mulheres na pós-menopausa com pressão alta e um grupo de controle com pressão arterial normal participaram de um treinamento quinzenal de floorball por dez semanas. Floorball é um tipo de esporte coletivo semelhante ao hóquei, mas praticado em quadra dura como a de futsal. “Para as mulheres com hipertensão, o treinamento de floorball reduziu a rigidez vascular e levou a uma diminuição da pressão arterial nas mulheres hipertensas. A redução é significativa e corresponde a um risco 40% menor de morte por ataque cardíaco e a uma redução de 30% de doença arterial coronariana, que se caracteriza pela redução do suprimento de oxigênio ao coração”, afirma a Dra. Aline Lamaita.
O grupo de mulheres com pressão arterial normal tinha pressão arterial ligeiramente elevada no início do estudo, o que é comum entre mulheres pós-menopáusicas inativas. Eles também experimentaram uma redução notável de 10 mmHg na pressão arterial sistólica com o treinamento de floorball. “O estudo demonstra que o esporte de equipe entre mulheres na pós-menopausa é uma forma de exercício tão eficaz que, com apenas dois treinos por semana, há melhorias significativas na pressão arterial, função vascular e composição corporal”, diz a cirurgiã vascular.
Um dos outros resultados interessantes do estudo foi também que as mulheres na pós-menopausa experimentaram uma redução notável de 10% da massa de gordura visceral (a gordura ‘perigosa’ encontrada entre os órgãos internos). Além disso, a massa gorda total diminuiu em meio quilograma. O grupo de mulheres não tinha experiência anterior com o floorball. “O estudo apoia os inúmeros benefícios para a saúde da participação em esportes coletivos e nos fornece uma compreensão mais profunda das adaptações de treinamento associadas ao esporte coletivo, o que cria alta motivação entre as mulheres na pós-menopausa. Além disso, a falta de experiência com o floorball não foi uma limitação nas mulheres, já que elas tiveram capacidade de alcançar excelentes resultados de saúde em um tempo relativamente curto.”
A Dra. Aline Lamaita explica que os resultados são promissores, especialmente porque acredita-se que o músculo liso vascular em mulheres na pós-menopausa não pode mudar com o exercício. O estudo contradiz essa noção. “As novas descobertas contribuem para um crescente corpo de conhecimento sobre os mecanismos envolvidos na hipertensão arterial entre mulheres na pós-menopausa, bem como os tipos de exercícios que podem efetivamente neutralizar as consequências negativas da perda de estrogênio com o tempo no estado de pós-menopausa”, finaliza a médica.
Fonte:
*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557 http://www.alinelamaita.com.
*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, Pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.
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