Campanha Julho Verde visa conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de cabeça e pescoço. Promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), a campanha teve seu início no Brasil em 2016. Ela surgiu a partir do World Head And Neck Cancer Day (Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço), comemorado no dia 27 de julho, sendo uma iniciativa de entidades internacionais como a International Federation of Head and Neck Oncology Societies (Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço).
O Instituto Nacional de Câncer – INCA aponta cerca de 41 mil novos casos neste ano, sendo o câncer de boca, laringe e demais regiões da cabeça e pescoço o terceiro mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata e câncer de pele não-melanoma. Nas mulheres, o tipo mais comum é o câncer da tireoide – o quinto mais comum entre elas.
De acordo com a cirurgiã de cabeça e pescoço Paola A. G. Pedruzzi, do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, a educação da população e a melhora do estilo de vida é a melhor forma de reduzir o risco de tumores de cabeça e pescoço. É fundamental a adoção de hábitos saudáveis relacionados à alimentação e atividade/exercícios físicos, assim como evitar o consumo de álcool e tabaco.
Redução do risco de câncer
“Como medidas de orientação, citamos boa higiene oral, estar atendo a sinais de alerta como manchas brancas ou avermelhadas na boca, feridas ou lesões que não cicatrizam em 7 a 14 dias, nódulos no pescoço, mudança na voz e rouquidão, dificuldade para engolir, emagrecimento, mau hálito, entre outros”, aponta a cirurgiã de cabeça e pescoço.
Os principais fatores de risco são cigarro e álcool. Fumar e beber pode multiplicar em até 20 vezes a possibilidade de uma pessoa ter esse tipo de câncer.
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) tem contribuído sobremaneira com o aumento na incidência dos casos de tumores de cabeça e pescoço, principalmente na região da orofaringe (base da língua, amígdalas, parte lateral e posterior da garganta.
HPV
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 54,6% dos brasileiros entre 16 e 25 anos estão infectados com HPV e, em 38,4% deles, tratam-se dos subtipos de alto risco, associados a alguns tipos de câncer, como o de cabeça e pescoço. O HPV é uma das causas do tumor de cabeça e pescoço (amígdalas, língua), principalmente em pacientes jovens de 40 e 50 anos que não fazem uso de tabaco e álcool. A transmissão ocorre principalmente por meio de relações sexuais orais. Vale lembrar que a rede pública de saúde, via SUS, oferece à população brasileira a vacina do HPV para meninas de 9 a 15 anos e para meninos de 11 a 14 anos nos postos de saúde. Ela combate os quatro tipos de vírus (6, 11, 16 e 18) do HPV. “A vacinação é muito importante na redução do risco desses tumores ”, destaca Dra. Paola Pedruzzi.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento e a cura do câncer. “No estágio inicial, a chance de cura é maior do que 90%”, cita Dra. Paola. Cerca de 60% dos casos o paciente chega com o tumor em estágio avançado, o que causa sequelas funcionais e estéticas, com comprometimento da fala, por exemplo, e psicológicas, além e afetar a qualidade de vida durante e após o tratamento.
Formas de tratamento
O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, podendo às vezes haver uma combinação entre eles, depende do local e do estágio da doença. Além das terapias tradicionais, nos últimos anos, drogas novas têm conseguido melhorar o prognóstico dos pacientes, com uma ação mais eficiente e menos agressiva ao organismo, como as imunoterapias e terapias-alvo.