A Insuficiência Cardíaca – IC – é uma das principais causas de morte e é a primeira responsável por internação em pacientes com mais de 65 anos, no Brasil. É uma doença grave que afeta 23 milhões de pessoas no mundo. Após 5 anos de diagnóstico, a sobrevida pode ser de apenas 35%, baixando para 17,4%, em pacientes com idade maior a 85 anos.
Em 9 de julho, data do nascimento do médico sanitarista Carlos Chagas, é comemorado, desde 2019, o Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca e a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP – promove ações de orientação e comunicação sobre a doença. “A IC é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue para atender às necessidades dos tecidos. Ela pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais do coração, sendo que a maioria dos pacientes apresenta a queixa de cansaço e inchaços. Esta doença repercute intensamente em perda da qualidade de vida, necessidade de internações e morte”, explica o presidente da SOCESP, João Fernando Monteiro Ferreira.
A função cardíaca é avaliada por meio de um critério chamado fração de ejeção e a IC pode ocorrer com fração de ejeção preservada ou reduzida. “No tratamento com fração de ejeção reduzida existem, há décadas, medicamentos que trazem melhora da qualidade de vida e diminuem internações e morte” lembra o cardiologista. “Os primeiros medicamentos com esses benefícios reduziram em 19% a 31% eventos e óbitos”, completa.
Nos últimos 5 anos, somou-se ao tratamento padrão (inibidores dos receptores da angiotensina), uma nova classe de remédios (inibidores da neprilisina) que mostrou uma redução de 16% em mortalidade por qualquer causa, 20% na diminuição da morte cardiovascular e de 21% na hospitalização por IC. O tema é tão relevante que foi debatido durante o 41º Congresso Virtual da SOCESP, realizado no mês passado, por vários especialistas e até na conferência de abertura pelo professor da Universidade de Glasgow, na Grã-Bretanha, John McMurray.
Nos últimos dois anos, foram apresentados estudos com antidiabéticos da classe dos inibidores da SGT2 (dapaglifozina e empaglifozina) que reduziram em 26% o risco de morte cardiovascular e piora da IC, tanto em pacientes diabéticos como não diabéticos. “Esta é uma nova revolução no tratamento medicamentoso da Insuficiência Cardíaca. São grandes esforços da comunidade científica para melhorar a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes cardiopatas”, completa Monteiro Ferreira.