Criptomercado pode causar grandes mudanças no mundo do futebol

No dia 10 de agosto de 2021, a contratação de Lionel Messi pelo Paris Saint-Germain causou ainda mais surpresas do que o esperado. Isso pois parte do pagamento do contrato (de dois anos, com possibilidade de mais um), que gira em torno de US$ 80 milhões, foi feito por meio do Paris Saint-Germain Fan Token (PSG). O ativo digital do clube francês foi criado em parceria com a Socios.com, que fornece tokens relacionados ao mundo do futebol, alimentada pela criptomoeda Chiliz (CHZ).

Investidores mais ligados ao criptomercado já veem as possibilidades desse tipo de transação ganharem ainda mais notoriedade. Além de toda a atenção decorrente da contratação de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, o tipo de pagamento com parte em tokens pode ser interessante para o mercado, fortalecendo o novo formato de transação digital. A atitude do Paris Saint-Germain é inovadora e traz ainda mais credibilidade ao cripto. Logo após a contratação de Messi, a cotação da moeda do clube francês disparou no mercado, valorizando 112% no dia da confirmação da transação, atingindo seu recorde histórico (US$ 59). Além disso, a novidade ousada puxou outras moedas digitais do mundo do futebol, como a do Barcelona, a FC Barcelona Fan Token (BAR), que valorizou 10% nas mesmas 24 horas.

O pagamento partiu dos fan tokens do clube: são criptomoedas que fazem parte de um blockchain específico ligado à marca Paris Saint-Germain. “O fan token do Paris Saint-Germain foi criado com o objetivo de reverter parte da arrecadação para o clube, que pode usá-lo para novas contratações ou investir nos clubes de base, entre outras ações”, aponta Francisley Valdevino da Silva, CEO da Intergalaxy SA (www.intergalaxy.io), empresa especializada em tecnologia e comunicação que desenvolve softwares, interfaces e aplicativos através da rede Blockchain. “Quando um torcedor compra tokens de um time, ele pode ter acesso a conteúdos exclusivos, por exemplo. A marca monetiza e engaja com seus fan tokens e o fã se sente mais envolvido em decisões, entre elas contratações de atletas”, complementa.

A movimentação descentralizada, típica do cripto, é uma grande vantagem para jogadores, em especial para os de carreira internacional. “É o estabelecimento de um novo padrão monetário. O token que se compra de qualquer clube pode ser negociado em qualquer bolsa de criptoativo do mundo. Citando o Messi: ele pode receber o pagamento em uma conta digital na França e sacar aqui no Brasil, por exemplo”, detalha o especialista.

Cada país tem sua legislação para uso desse tipo de ativos. No Brasil, por exemplo, pode-se ter até 30 mil reais por mês de movimentação em criptoativos isentos de imposto de renda. “A realidade da maioria dos jogadores do Brasil é ter um salário menor do que R$ 30 mil por mês”, exemplifica. “Seria uma possibilidade de os clubes pagarem aos jogadores, que teriam um ganho maior: eles podem internacionalizar patrimônio, além da isenção de impostos. Até a contratação de jogadores brasileiros por times de outros países seria facilitada”, complementa Silva.

No futebol brasileiro, a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conta com sua fan token, além de clubes como Atlético – MG, Vasco e Cruzeiro. Além disso, no último dia 02 de setembro, o Corinthians lançou, um dia após o seu 111° aniversário, o criptoativo $SCCP. Criada pela plataforma Socios.com, a mesma do Paris Saint-Germain, a moeda chegou ao mercado com o preço inicial definido em 2 dólares, que também pagos com a criptomoeda nativa da plataforma, a Chiliz (CHZ).

A criptomoeda do clube paulista esgotou em menos de duas horas após o lançamento, arrecadando quase R$ 9 milhões. Além de receber as moedas, os investidores terão o direito de participar de votações no clube, ganhar brindes e participar de promoções exclusivas. O mesmo modelo será seguido pelo Flamengo, que está preparando o lançamento da $MENGO Fan Token, que deverá gerar, até o final de 2025, uma renda de até R$ 145 milhões ao clube, de acordo com a expectativa.

“São os primeiros passos de um novo modelo de transação no futebol brasileiro, que deverá ganhar muito espaço no mercado nos próximos anos, criando uma conexão ainda mais forte entre clubes e torcedores”, completa o especialista.

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