Marcos Batista, presidente da AVAL
A Associação Brasileira da Avicultura Alternativa (Aval), que representa os produtores brasileiros da ave criada solta, com alimentação natural e cumprindo especificações técnicas, tem nova direção. No dia 26 de agosto, tomou posse à frente da entidade o produtor Marcos Batista, da empresa Frango Caipira do Campo, de Ivaiporã (PR).
Como prioridade da nova gestão, está a campanha de alerta contra os produtos “caipiras fakes”, produzidos conforme os padrões convencionais, mas embalados e vendidos como alimento alternativo. O alerta se aplica tanto ao frango quanto aos ovos comercializados no mercado nacional que, em muitos casos, configuram fraude contra o consumidor.
“Estamos desencadeando esta campanha para alertar os órgãos públicos, os pontos de vendas e o consumidor final. Os produtos alternativos, sejam ovos ou frangos – caipira, verde ou orgânico, têm características e exigências próprias e isso precisa ser respeitado para que o consumidor não leve para casa um alimento que não corresponda ao que promete o rótulo”, afirma Batista.
A Aval procurou apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que já realiza ações do gênero em relação a outros produtos, como azeite e café, por exemplo.
Selo da Aval
Para informar corretamente o consumidor, a entidade criou o “Selo Aval”, que identifica o produto alternativo. Marcos Batista observa que há diferenças no processo de produção do frango alternativo em relação a outros tipos de aves convencionais. “São carnes nobres, com as aves criadas praticamente de modo rústico e artesanal, com os animais dispondo de espaço aberto, alimentação natural e sem uso de antibióticos profiláticos, resultando em uma carne de textura consistente e sabor marcante”.
No caso do frango caipira, a linhagem também é especial, própria para produção de aves caipiras, com o abate sendo realizado com um tempo estendido de criação. “O custo de produção é significativamente superior ao do frango convencional e o produto final é muito diferente – porém, entre as carnes nobres, ainda é a mais acessível”, aponta o presidente da Associação, observando que há um rígido controle do manejo no caso dos frangos alternativos e ovos caipira.
Na produção de ovos, com a crescente demanda por produtos com alto valor proteico, seguros e diferenciados, o cuidado é ainda maior porque as fraudes são difíceis de serem identificadas, e as qualidades organolépticas diferenciadas do ovo caipira se confundem visualmente com outros produtos convencionais.
A preocupação com o bem-estar animal é um dos grandes diferenciais da produção alternativa. Em 2015, a Aval, em parceria com a Associação Brasileira de Proteção Animal (ABPA), Ministério da Agricultura, Abras, Embrapa, Apas e outras relevantes entidades, sob a coordenação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), elaborou a Norma 16.389 para frangos caipiras e, em 2016, a Norma 16.347 para ovos caipiras, visando atestar e garantir o padrão de qualidade que os produtores de alternativos oferecem ao mercado.
Segundo Marcos Batista, a expansão desse mercado no País, principalmente em razão da preocupação cada vez maior com a saúde e o bem-estar animal, desperta a atenção de grandes produtores. Muitos têm associado os seus produtos – tanto frango como ovos – a processos de produção alternativos quando, na verdade, constituem-se como granjas comerciais, com procedimentos convencionais e visando altos índices de produtividade. O que não é possível no modo alternativo de produção, aponta o presidente da entidade.