Novas tecnologias são aliadas na democratização do acesso à saúde no Brasil

 

por Ana Carolina Lucchese, diretora da Tuinda Care

Não resta dúvida de que a Telemedicina é um dos maiores legados da pandemia. As consultas remotas atingiram um patamar de relevância inédito no Brasil e têm evitado a ida de milhares de pacientes a hospitais, clínicas, laboratório, locais com alto índice de contaminação por Covid-19. Um novo hábito que carrega consigo outros tantos benefícios, como menos deslocamentos, otimização de tempo e redução de custos. E a tendência é que cada vez mais pessoas tenham acesso e vivam essa experiência.

Comodidade e otimização de recursos que podem se ampliar. Imagine que além de fazer uma consulta por videochamada, já é possível realizar, sentado no sofá de casa, um exame físico de otoscopia (para avaliar as estruturas do ouvido, como o canal auditivo e o tímpano); analisar uma possível infecção da garganta; auscultar pulmão, coração e abdômen; medir a temperatura; e fazer imagens daquela lesão na pele que está preocupando. Tudo isso com alta acurácia e muita segurança. Todos os resultados são enviados em tempo real para o médico que, lá do outro lado da linha, avalia o quadro do paciente, emite o diagnóstico na hora e já inicia o tratamento necessário.

Você deve estar se perguntando: “mas será que os resultados são confiáveis?”. Um estudo apresentado em um congresso europeu comprovou que sim. Os dados coletados de 193 pacientes submetidos a exames físicos realizados com o equipamento TytoCare foram comparados com o exame físico tradicional/presencial para verificação da compatibilidade dos dois métodos. E os resultados não deixam dúvida que essa é sim uma ferramenta que pode mudar o cenário de múltiplas práticas clínicas, tornando possível o acompanhamento remoto de indicadores que antes só eram possíveis presencialmente.

O ensaio que mencionei apontou concordância de 98% no caso da ausculta pulmonar, 96% em ruído do tórax, 94% em ruídos adventícios, 93% no ritmo do coração, dentre outros exames comparados, todos com alto grau de precisão. É sempre gratificante ver como a tecnologia, em uso, provoca reações de encantamento em médicos de diversas especialidades, que ficam surpresos com o grau de nitidez dos exames realizados à distância e as possibilidades que vislumbram a partir deles.

Atualmente esta plataforma tecnológica é utilizada pelos hospitais de referência em pediatria no Brasil, Pequeno Príncipe e Sabará – que são aceleradores da startup Tuinda Care, distribuidora exclusiva da tecnologia TytoCare no Brasil –, pela operadora de Saúde Care Plus, dentre outras instituições de saúde.

E pode beneficiar muito mais pessoas. Na rede pública, por exemplo, o equipamento poderia ajudar milhares de brasileiros com acesso restrito a medicina. Imagine uma comunidade ribeirinha inteira com acesso a cuidados médicos de qualidade com um aparelho que necessita apenas de sinal de internet para funcionar. Cidades afastadas e desassistidas podem ter acesso imediato a especialidades médicas, que antes só estavam disponíveis a dias de viagem de distância. Ou ainda pessoas dos grandes centros que tenham dificuldade de locomoção, para as quais uma ida ao hospital ou a um centro clínico para ter atendimento médico pode significar um enorme transtorno.

Acredito que a telemedicina ainda trará outro benefício ainda maior, que será sentido a longo prazo: o empoderamento das pessoas e das famílias no cuidado de sua saúde. Ao levar o atendimento médico para dentro de suas casas, combinado com o uso de equipamentos que permitem a cada um monitorar seus sinais vitais e realizar exames como uma otoscopia sem a presença do médico, sentimos que o paciente se engaja mais em seu diagnóstico e no acompanhamento da evolução do seu próprio quadro. O paciente passa a se sentir protagonista, entendendo que precisa exercer papel ativo no gerenciamento da sua saúde. Como, aliás, deveria ser. Afinal, de nada adianta o médico passar recomendações e prescrições se o paciente não as seguir – muitas vezes é preciso alterar rotinas e hábitos, e para isso é fundamental estar engajado.

Estamos entrando em uma nova era, com a tecnologia e conectividade unindo pontas antes distantes e mudando a forma como cuidamos de nossa saúde. Pensar na democratização do acesso a excelência médica em todo o país não é mais um sonho distante. É uma realidade prestes a acontecer.

Destaque da Semana

Suplementação de vitamina D agora é recomendada a toda criança e adolescente

Com cada vez menos crianças fazendo atividades ao ar...

HNSG promove Serenata de Natal e toca os corações de pacientes e comunidade

Na última terça-feira, 17 de dezembro, o Hospital Nossa...

Cidadania Já chega a Maringá com nova unidade no Catuaí

Empresa referência em cidadania europeia inaugura espaço no Catuaí...

Intervenção autoguiada pode reduzir uso de remédio para dormir entre idosos

Pesquisa analisou impacto da técnica de mediação comportamental em...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Mais artigos do autor