A produção industrial do Paraná obteve o quarto melhor resultado do país em julho entre as 15 regiões pesquisadas. O crescimento foi de 3,3% em relação a junho. Foi a melhor performance do sul do país, já que Rio Grande do Sul (-1,7%) e Santa Catarina (-1,5%) registraram quedas no período. O desempenho também é positivo no acumulado do ano, de janeiro a julho, com alta de 16,2%. Nesse período o Paraná fica em sexto no ranking nacional, atrás de Santa Catarina (23%), Ceará (20,9%), Amazonas (20,8%), Rio Grande do Sul (17,8%) e Minas Gerais (17,2%).
Nos últimos 12 meses o crescimento chega a 11,5%. Em relação ao mesmo mês de 2020, a produção teve elevação de 8,2%. O resultado ficou acima da média nacional, que no mês retraiu 1,3% e tem alta de 11%, no ano, e de 7% desde agosto de 2020. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (9/9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O resultado surpreendeu por interromper uma trajetória de três meses seguidos de queda. Desde abril, o indicador mensal vinha caindo, embora o acumulado ainda fosse bom”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Marcelo Alves. Os últimos números revelaram retração da produção em 2,3%, 2,5% e 5,9%, respectivamente em abril, maio e junho.
Setores
A boa performance da indústria no ano se explica pela recuperação de alguns setores relevantes para o estado como máquinas e equipamentos, com alta de (80%), automotivo (58%), madeira (44%), fabricação de produtos de metal (35%) e minerais não-metálicos (25%). Dos 13 setores avaliados, três estão negativos. Os piores resultados são do segmento alimentício (-6,5%); celulose e papel (-3%) e petróleo (-0,2%).
Em relação a julho do ano passado, o setor automotivo aponta com boa recuperação. Alta de (83%). “Embora a base do ano passado tenha sido baixa em função do impacto causado pela pandemia, os piores meses foram abril e maio. O crescimento de agora mostra uma retomada forte desde o quarto trimestre de 2020, o que é bem importante para o setor”, analisa o economista. É o mesmo caso de máquinas e equipamentos (53%) e fabricação de produtos de metal (18,5%). Já celulose e papel (6,8%), minerais não-metálicos (3,9%) e madeira (2,9%), embora estejam positivos, registram crescimento menor porque já vinham desempenhando bem no ano passado. Sete setores tiveram resultado negativo. Móveis (-14,4%), bebidas (-14,2%); máquinas aparelhos e materiais elétricos (-9,7%) e alimentos (-8,1%).
No setor automotivo, além de automóveis, está em alta a produção de caminhões, tratores, reboques e semirreboques. No de máquinas, colheitadeiras, tratores agrícolas e equipamentos portáteis influenciaram os resultados. “O setor de implementos agrícolas está em alta, com o agronegócio puxando a produção industrial”, explica Alves. “Já o baixo desempenho do setor alimentício pode estar atrelado à queda no consumo interno em decorrência da inflação alta e aumento de preço dos produtos ao consumidor. Também por conta da redução da renda no país tanto pela alta taxa de desemprego quanto pelo fim dos programas de auxílio do Governo Federal”, destaca.
Na opinião do economista, para os próximos meses, embora seja um período de aumento de demanda de produção nas fábricas para atender o período de fim do ano, a indústria terá de superar dificuldades. “Fatores políticos têm influenciado negativamente no cenário econômico. A crise hídrica iminente deve interferir na geração de energia e pode reduzir o ritmo de produção nas fábricas, prejudicando a retomada. E medidas que poderiam dar fôlego ao setor produtivo, como as reformas, saíram da pauta do Congresso. São variáveis complexas que podem atrapalhar a recuperação da indústria e devem ser vistos com cautela”, conclui.