“O dilema ético mais importante é como oferecer um serviço adequado com um preço injusto”, afirmou o palestrante José Luiz Egydio Setúbal
No Brasil, 50% das práticas do SUS (atendimentos ambulatoriais e internações) são realizadas por hospitais privados ligados à filantropia. 70% dos tratamentos oncológicos e 58% dos transplantes no país são feitos nessas instituições. Dos 2.172 hospitais sem fins lucrativos, 1704 atendem o Sistema Único de Saúde. Por toda essa relevância, o Instituto Ética Saúde promoveu, no dia 06 de outubro, o webinar “Filantropia e Ética na Saúde”, com o médico e ex-provedor da Santa Casa de São Paulo de São Paulo, José Luiz Egydio Setúbal, que fez parte de vários conselhos de organizações filantrópicas ligadas à saúde, pesquisa, medicina e artes e é presidente do conselho da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e do Fundo Areguá.
Na abertura, a vice-presidente do Instituto Ética Saúde, Patrícia Braile, destacou que “filantropia significa amor pela humanidade”. José Luiz Egydio Setúbal fez uma contextualização histórica e ressaltou que na filantropia moderna a doação passou a ser uma prática racional, onde o dinheiro é colocado aonde terá maior impacto. “O dinheiro passou a ser utilizado de uma forma mais estratégica: educação, saúde, sustentabilidade, igualdade racial, causas de gênero, pesquisas. Não necessariamente para fazer caridade”, afirmou, explicando os conceitos de Filantropocapitalismo e Filantropia Progressista.
Para Setúbal, filantropia e ética estão diretamente ligadas. “Há muita discussão, principalmente nos Estados Unidos, de como que as grandes ou mega ações interferem em políticas públicas de outros países. Exemplo: as grandes intervenções na África. Ninguém discute se uma vacina para malária é boa ou ruim, mas será que é isso que os governos africanos querem e a maior necessidade deles? Essa é uma discussão ética”.
No contexto brasileiro, salientou que boa parte dos hospitais filantrópicos é pequena, com menos de 100 leitos, o que os tornam praticamente inviáveis, ao mesmo tempo que são a única referência de saúde de algumas cidades ou regiões. “O grande dilema ético do sistema de saúde do Brasil, principalmente o que atende o SUS, está no subfinanciamento do setor. Como oferecer um serviço adequado com um preço injusto?”.
Moderador do webinar, o diretor técnico do Instituto Ética Saúde, concluiu o evento lembrando que “existe a necessidade de uma governança séria nas diversas esferas envolvidas, que coloque as organizações em movimento de uma forma ética”.
O evento completo está no link: https://youtu.be/wWE1_JnQIBA