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hugo mescla referências literárias e de JRPG e propõe caldeirão sonoro em álbum de estreia

Baixista de destaque entre a nova geração da cena independente nacional, Hugo Noguchi é muitos em um: responsável pelo groove de projetos que marcaram o cenário – como Ventre e Posada e o Clã – e de grupos que seguem desafiando os padrões do rock – como o experimental SLVDR -, ele desponta como um instrumentista e produtor de vanguarda. Agora também assumindo as funções de cantor e compositor de seu próprio trabalho solo, o artista ressurge como hugo e apresenta seu trabalho de estreia, “Humaniora”, já disponível para streaming. 

Ouça “Humaniora”: https://tratore.ffm.to/humaniora

São 20 faixas onde hugo constrói sobre a sonoridade apresentada em singles e compactos revelados entre 2018 e 2019, como “SATORI / VAZIO”, “Raízes / Tela em branco” e “Não sou daqui”, este último uma reflexão sobre suas raízes japonesas com um clipe gravado durante uma viagem à terra natal de seu pai. Todas essas camadas ressurgem em “Humaniora”, porém sob um novo prisma. Com uma ousada abordagem literária para a música, o paraense de criação radicado no Rio de Janeiro faz de cada faixa um capítulo onde a trama surpreende e o mergulho é profundo.

 

Sem receio de experimentar novas sonoridades e timbres, Noguchi não se limita à linha de baixo como fio condutor. Violões se encontram com beats, samples abrem caminho para inesperadas harmonias vocais. Partindo de um lugar íntimo, o artista vai de lendas gregas à “Tela Azul” dos PCs modernos para refletir sobre os dilemas da sua geração.

 

“Humaniora” começou a ser composto há cerca de três anos, mas dialoga com o caos e os anseios atuais – como parafraseia Amélie Poulain em “Óbvio”, são “tempos difíceis para quem ousa sonhar”. Com um pé no chão, mas sem perder a candura, Hugo Noguchi parte do questionamento fundamental sobre o valor do tempo para guiar essa viagem sonora. A ideia é chegar ao fim das duas dezenas de canções com a sensação de concluir um livro.

 

“Estou pirando muito em obras musicais multimídia e esse é meu primeiro passo para futuras experimentações. Como é um disco grande, ele é feito para você ouvir, parar no meio do caminho e seguir ouvindo depois. Nesta pandemia, li muito e entendi a importância do livro para expandir ideias e histórias no tempo e no espaço, além da companhia que ele faz (assim como a música). Quando era mais novo era muito difícil conseguir CDs no interior de Belém e hoje que temos tudo online, me pergunto qual o valor de um disco. Concluí que o valor está no tempo que você reserva para ouvir, pois o tempo é a coisa mais escassa hoje em dia. Então enxergo no ato de ouvir um disco inteiro hoje em dia um ato de auto-amor e cuidado, assim como a de ler um livro”, entrega hugo.

Citando como referências desde Thundercat à poética expressa de Miyamoto Musashi, de Flying Lotus a trilhas de JRPGs, de Elliott Smith a beats de rap dos anos 90, o músico faz uso de filmes, séries, livros e animes para informar a estética lírica e musical do trabalho. Se cada letra caberia num tweet, a estrada musical de “Humaniora” é longa. Ela vai do passado a estéticas futuristas, mas expressa os dilemas do presente: após se debruçar sobre sua identidade asiática, aqui perdas, desilusão com o país, vida nos grandes centros urbanos, auto-amor, aceitação surgem nas composições.

“Humaniora” é um caldeirão de sons, referências e vozes, assim como é Noguchi: um artista múltiplo e inquieto. Experimental e pop, moderno com um pé nas raízes, ao mesmo tempo pessoal e universal, o álbum de estreia de hugo chega aos serviços de streaming pelo Selo Diáspora.

 

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