Iniciativas baseadas em visão disruptiva pretendem ajudar a sanar a crise hídrica e energética no Brasil

Hoje nos deparamos no Brasil com reservas de água cada vez mais escassas, com a energia elétrica cada vez mais cara e com o risco de racionamento. Importante salientar que esses dois insumos são essenciais para a vida humana, por isso, a crise hídrica e elétrica não pode ser banalizada. Precisam-se urgentemente de soluções para que não desapareçam e que seus custos sejam suportados pelos brasileiros.

Na contramão deste cenário, durante a crise sanitária vivenciada em 2020/2021, um dos setores que apresentou maior crescimento foi da construção civil. Os novos empreendimentos espalhados de norte a sul do país, além de atender os anseios dos consumidores em ambientes mais amplos, confortáveis também seguem a tendencia de uma obra sustentável. As premissas praticidade, economia e conforto estão presentes nos novos empreendimentos.

Segundo a arquiteta Nelma Magalhães Maroja, pós-graduada em Conforto Ambiental e Conservação de Energia, o projeto arquitetônico é o início da materialização de um sonho de qualquer construção e para o Arquiteto, o compromisso com a Sustentabilidade e o Uso Racional da Energia deve ser o foco principal. “No desenvolvimento de um projeto devemos destacar algumas questões importantes como: correta adequação climática do projeto, escolha de materiais eficientes, adequação as normas pertinentes ao conforto ambiental, uso de recursos naturais, vida útil dos materiais, reuso de água, preocupação com a geração de resíduos e a destinação dos mesmos, entre outros”, exemplifica.

“Enquanto profissionais, somos responsáveis pelas mudanças na percepção do cliente e da sociedade quanto ao entendimento e o uso de boas práticas sustentáveis no dia a dia de cada aspecto relevante da eficiência energética, buscando sempre o equilíbrio com o meio ambiente, custos operacionais e a sociedade”, enfatiza a arquiteta.

As crises hídricas e, consequentemente, as do setor energético, são constantes no Brasil. Segundo a arquiteta Thatiana Guimarães especialista em Gestão de Cidades e Sustentabilidade, possuímos incríveis projetos energéticos que podem nos tornar autossuficientes, mas precisamos encontrar pontos convergentes como por exemplo: a integração de critérios de eficiência energética através da legislação, levando em consideração o usuário e suas necessidades ; o desenvolvimento de métodos, processos e instrumentos novos ou adaptados para o planejamento, a implementação e o monitoramento do uso da energia, através da tecnologia, assim como o fortalecimento da base de conhecimentos e disponibilização de informações.

O setor da Construção Civil vem se adaptando a essa nova realidade do país, buscando conhecimentos de tecnologias sustentáveis em projetos e utilização de produtos que minimizem o impacto. “Ainda é pouco, diante dos grandes desafios que estão por vir, mas estamos atentos e comprometidos com essas mudanças”, afirma Thatiana.

O uso de monitoramentos energéticos em projetos arquitetônicos, residenciais ou empresariais, é uma das principais ferramentas para o uso racional da energia e sua importância vai além de uma saída educacional. “Acreditamos que o Monitoramento é de fato uma solução tecnológica que auxilia na tomada de decisão estratégica quanto a análise de dados que visem à redução de custos operacionais relacionados ao consumo de energia, buscando também padrões ideais de Conforto Térmico e lumínico”, ressalta Nelma.

O monitoramento energético é uma das formas para entender melhor as necessidades daquele local – seja empresa ou residência. O usuário passa a receber, por meio de um aplicativo, um relatório do gasto por equipamento, podendo a partir de então, planejar e usar a energia com responsabilidade. O uso correto da energia elétrica, ou seja, de forma inteligente e eficiente, além do seu tratamento e controle podem influenciar num melhor aproveitamento das instalações comerciais e industriais, nos equipamentos elétricos e com o controle do consumo, consequentemente no aumento da produtividade. Uma das soluções disponíveis no mercado vem da startup Energia das Coisas (EdC), spin-off da HomeCarbon Energy Solutions. O EdC vem sendo desenvolvido desde 2017, quando o sistema de monitoramento foi instalado em fase de pré-testes em mais de 50 usuários distribuídos em 06 concessionárias pelas cinco regiões do país.

“É uma ferramenta que possibilita o engajamento do consumidor, pois a cada ato que o usuário faz, como por exemplo ligar o ar-condicionado, o monitor acusa esse aumento de carga. Essa resposta rápida que o equipamento proporciona permite o envolvimento e o entendimento que os impactos que isso causa, gerando assim o consumo consciente e o menor desperdício de energia elétrica”, explica Rodrigo Lagreca, CEO da Energia das Coisas.

“O EdC é um produto que atende as necessidades de Monitoramento em tempo real e vem ao encontro do que projetamos para nosso negócio que é a Consultoria em Eficiência Energética e de Sustentabilidade em projetos, onde através dos dados coletados poderemos analisar e definir junto com o cliente, soluções para atingir padrões ideais de consumo energético, assim como o uso racional dela. Seja em edificações de uso residencial ou empresarial, o objetivo é o mesmo: a redução dos custos operacionais no uso energético das edificações”, completa Nelma.

“Precisaremos, a partir de agora, estabelecer novos padrões e principalmente passar a gerir e controlar o consumo de energia, algo que já é prioritário nas grandes empresas do país e que deverá assumir um papel importante nas pequenas e médias empresas”, afirma Rodrigo.

Rodrigo também enfatiza que, mesmo antes de adotar qualquer mudança na empresa, no intuito de reduzir a conta de luz, o empresário deve conhecer minuciosamente seu gasto e como é o uso da energia dentro da sua empresa. “A população e o mercado precisam entender que, a energia, antes vista como intangível e invisível, passa a ser agora visualizada, rastreada e controlada. A conta de luz irá aumentar e junto com ela os custos das empresas, ameaçando a competitividade no mercado”, pontua.“. “Há caminhos para mitigar esses riscos e quem primeiro se movimentar, terá vantagem nessa disputa”, finaliza.

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