Segundo estudos oftalmológicos, 3 em cada 10 mil bebês no mundo apresentam a doença. Teste do olhinho é fundamental para detectar o problema
Muito conhecida por afetar pessoas da terceira idade, a Catarata é a principal causa de cegueira reversível no mundo. Ela acontece quando a lente do olho, chamada de cristalino, encontra-se opaca. O que muitos não sabem é que doença atinge também crianças e recém-nascidos, a chamada “Catarata Congênita”. Segundo estudos oftalmológicos, 3 em cada 10 mil bebês tem o problema, número considerado razoavelmente baixo pelos especialistas, mas que exige igual atenção por se tratar de uma urgência oftalmológica. “Mesmo não sendo tão comum, é um problema que necessita de tratamento, e a melhor forma de detectá-lo é já na maternidade, pela alteração do reflexo vermelho do olho, o chamado teste de olhinho”, explica a oftalmopediatra do Hospital de Olhos do Paraná, Dra. Dayane Issaho.
O teste em questão deve ser realizado pelo pediatra ainda na maternidade e em cada consulta de rotina da criança, até os 3 anos de idade. Se for constatada alguma alteração, o pediatra encaminha a criança ao oftalmopediatra para uma avaliação oftalmológica completa. Durante o exame, podem ser constatadas as seguintes alterações: leucocoria, que é uma alteração do reflexo vermelho (pupila branca), que pode, inclusive, ser observada em fotos com flash; diminuição da acuidade visual; estrabismo; nistagmo (tremor dos olhos). Alguns bebês nascem com catarata por diversos causas, tais como infecções intrauterinas, hereditárias, adquiridas (trauma, inflamações intraoculares, medicamentos, tumores, etc.) síndromes, malformações oculares associadas, erros inatos do metabolismo, ou simplesmente não apresentar uma causa definida.
Tratamento
A exemplo do que acontece com os adultos, quanto antes a catarata nas crianças for diagnosticada e tratada, melhores são as possibilidades de um bom desenvolvimento visual. A avaliação e tratamento da catarata infantil são completamente diferentes do procedimento para adultos. Ela pode ser parcial e não necessitar de cirurgia. Entretanto, se o eixo visual estiver comprometido, o tratamento cirúrgico deve ser efetuado o mais precocemente possível. A doença pode acometer um ou ambos os olhos.
“Devemos ressaltar que a cirurgia de catarata na criança é mais complexa que a cirurgia no adulto. Além de necessitar de técnicas específicas, na criança ocorre uma reação inflamatória significativamente maior e, nas mais jovens, não é possível implantar uma lente ocular no mesmo ato cirúrgico. Geralmente a partir dos 18-24 meses já é possível fazer o implante de lente intraocular”, explica Dr. Dayane. Após a cirurgia, a criança é seguida de perto pelo oftalmopediatra, que vai acompanhar o desenvolvimento visual, prescrever óculos, acompanhar a pressão intraocular e manejar o esquema de oclusão ocular para garantir uma boa reabilitação visual (tratar a ambliopia).